Agência France-Presse
postado em 06/09/2010 19:48
WASHINGTON - O presidente americano, Barack Obama, lançou, nesta segunda-feira (6/9), um plano de mais de 50 bilhões de dólares com vistas a criar empregos em obras de infraestrutura em estradas, aeroportos e ferrovias para fortalecer uma recuperação da economia ainda tímida, a menos de dois meses das eleições legislativas de metade de mandato, nas quais os republicanos ameaçam tomar o controle do Congresso.Sob forte pressão devido à combalida economia americana, Obama anunciou seu novo plano, junto a membros de sindicatos, em ato pelo Dia do Trabalho, em Milwaukee (Wisconsin, norte), onde a crise foi fortemente sentida.
O plano "não só criará empregos imediatamente, mas fará nossa economia se movimentar melhor no longo prazo", disse Obama, no feriado comemorado a menos de dois meses das eleições legislativas, nas quais os democratas se veem confrontados com a dificuldades de convencer os eleitores ainda afetados pela recessão.
O partido do presidente, em queda livre nas pesquisas, teme sofrer fortes perdas na votação de 2 de novembro, quando um terço dos assentos do Senado e todos os da Câmara devem ser renovados.
O plano de 50 bilhões de dólares também visa a melhorar o sistema de controle de tráfego aéreo, acelerar projetos de trens de alta-velocidade, e estabelecer um "banco de infraestrutura" para coordenar o financiamento federal e o planejamento de projetos.
Ele prevê a reconstrução ou restauração de 240 mil km de estradas, a inclusão ao sistema de 6.400 km de ferrovias e a renovação de 240 km de pistas de pouso e aterrissagem.
O plano "mostra que, mesmo sob os efeitos da pior recessão da nossas vidas, a América ainda pode moldar seu próprio destino", acrescentou.
A Casa Branca pediu aos republicanos que apoiem a rápida aprovação da medida, que anteciparia 50 bilhões de dólares como a primeira parte de um esforço mais amplo para o financiamento de obras de infraestrutura de transporte ao longo de seis anos.
"Gostaríamos de aprová-lo o mais rapidamente possível", disse uma fonte do governo. O montante total do pacote, que supera os US$ 50 bi iniciais, não foi revelado.
É incerto, ainda, se uma legislação para um montante destas proporções poderá passar no prazo de pouco mais de um mês que os legisladores têm antes de deixar Washington para fazer campanha para as eleições.
Mesmo se um rascunho passar, não está claro o prazo com que os recursos poderão levar as pessoas ao canteiro de obras.
Autoridades governamentais haviam dito, mais cedo, que o programa poderá criar novos empregos em 2011, embora o presidente tenha dito que seu impacto seria sentido "imediatamente".
A oposição republicana, que disputa com os democratas o controle nas duas câmaras, condenou imediatamente o plano de Obama.
"Um projeto de estímulo remendado e lançado no apagar das luzes com mais de 50 bilhões de dólares não reverterá a completa falta de confiança que os americanos têm na habilidade dos democratas em ajudar esta economia", afirmou o líder da minoria no Senado, Mitch McConnell.
John Boehner, o republicano de maior relevância na Câmara de Representantes, tentou relacionar o novo plano ao antigo pacote de estímulo do presidente, de cerca de 800 bilhões de dólares, que os críticos afirmam ter fracassado em reativar a economia.
Obama, por sua vez, tenta convencer seus eleitores de que se os republicanos assumirem a maioria no Congresso, eles trarão de volta o mercado financeiro irresponsável, cortes de impostos para os ricos e a regulamentação indulgente que provocaram a crise financeira.
"Eles apostam em que entre agora e novembro, vocês terão amnésia", disse Obama em Milwaukee, a maior cidade deste estado do meio oeste americano.
"Eles acham que vocês vão esquecer o que a política deles fez a este país. Eles acham que vocês vão, simplesmente, acreditar que eles mudaram", acrescentou.
Em sua estratégia de reação aos números desfavoráveis do desemprego, divulgados no final da semana passada, na quarta-feira Obama segue para Ohio, outro estado fortemente afetado pela crise, onde espera-se que ele anuncie uma nova plataforma de sua estratégia econômica: uma série de benefícios fiscais para pequenas empresas no valor de 100 bilhões de dólares.
Na sexta-feira, está prevista uma entrevista coletiva.
A fonte do governo disse que o novo projeto será financiado sem aumento do déficit, através da finalização de vários benefícios concedidos a companhias de petróleo e gás. Segundo ele, o presidente está aberto a novas propostas de financiamento.
Na sexta-feira, o Departamento do Trabalho divulgou números que demonstram uma perda de 54 mil empregos no mês passado e que o desemprego atingiu a cifra de 9,6%.