Economia

Ministros europeus criam agência para regular bancos

postado em 08/09/2010 08:41
Bruxelas ; Reunidos na sede da Comissão Europeia pelo segundo dia consecutivo, os ministros de Finanças dos 27 países da União Europeia chegaram ontem a um acordo para criar um órgão geral de supervisão das instituições financeiras. A agência, que ficará acima dos reguladores nacionais, deve seguir de perto as atividades de bancos, seguradoras e fundos de investimento. Três anos após o início da crise econômica global, alguns participantes do encontro ficaram frustrados com o impasse sobre uma eventual taxação do setor para reaver parte dos trilionários pacotes de ajuda com dinheiro público.

Autoridades do bloco vão submeter diretrizes orçamentárias para controlar deficits fiscaisA proposta de reforma da regulação do sistema financeiro europeu foi considerada histórica por alguns especialistas. A nova agência deve ser chefiada, de forma colegiada, por três diretores com mandato fixo eleitos pelos países-membros. O desentendimento sobre a tributação das transações, entretanto, pôs em lados opostos forças importantes. O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schaeuble, defendeu a cobrança para levantar recursos a serem usados em políticas sociais. ;A criação de um sistema assim é uma questão de justiça;, disse.

O ministro britânico, George Osborne, foi contrário à ideia. Para ele, seria muito difícil tributar as operações dada a velocidade com que elas ocorrem, inclusive para fora do território europeu. Também há incerteza sobre quem administraria o dinheiro, caso um imposto adicional fosse mesmo criado: a Comissão Europeia ou os Tesouros dos países. ;Deve caber aos governos nacionais e aos parlamentos decidir o que fazer com a receita obtida pelas taxas cobradas dos bancos;, disse Osborne.

Na reunião ministerial, os participantes também concordaram em submeter as diretrizes para a formulação dos orçamentos nacionais à Comissão Europeia, como parte de um esforço comum para controlar os deficits fiscais do bloco. A medida deve começar em abril de 2011. ;Esse é um importante progresso da nossa arquitetura de governança econômica;, disse o comissário de Relações Econômicas e Monetárias, Olli Rehn. ;A decisão pode nos ajudar a corrigir os desequilíbrios e evitar divergências.;

AJUDA À GRÉCIA
; Os ministros de Finanças da União Europeia aprovaram ontem um desembolso de 9 bilhões de euros (US$ 11,4 bilhões) à Grécia: 6,5 bilhões de euros vindos dos demais países do bloco e 2,5 bilhões de euros do Fundo Monetário Internacional. A operação é a segunda etapa do pacote de auxílio financeiro de 110 bilhões de euros para evitar a quebra do país. A Comissão Europeia elogiou as reformas feitas pelo governo grego.

Operações fiscalizadas

As agências reguladoras dos Estados Unidos estão investigando as ordens rápidas de compra e venda de ações e o cancelamento dos negócios quase que imediatamente, anunciou ontem a presidente da Securities and Exchange Commission (SEC, órgão que fiscaliza o mercado de capitais), Mary Schapiro. ;A SEC e os outros reguladores estão olhando com cuidado para certas práticas para ver se elas violam as regras existentes contra fraudes e outros comportamentos inadequados;, disse a executiva no Economic Club de Nova York.

Os órgãos de fiscalização também estão avaliando o tema para ver se há conexão com o misterioso problema em 6 de maio que motivou uma queda expressiva no índice Dow Jones antes de uma instantânea recuperação do mercado acionário norte-americano. Na época, a desvalorização abrupta de quase mil pontos em apenas 15 minutos foi atribuída ao erro de um operador da Bolsa de Valores de Nova York.

Até agora, a prática de executar ordens de compra e venda de ações e seu cancelamento em seguida não é vista como causa de movimentos bruscos no mercado, segundo operadores. A presidente da SEC disse à agência Reuters que um relatório sobre o ocorrido em maio deve ficar pronto até o fim do mês. A SEC já introduziu um circuit breaker para interromper os negócios se uma única ação apresentar queda muito acentuada.

Mary Shapiro afirmou que o mecanismo, acionado quando uma ação cai mais de 10% em cinco minutos, pode ser aperfeiçoado. Segundo ela, os próximos passos da SEC devem incluir uma revisão cuidadosa dos limites de alta e baixa para previnir negócios fora de parâmetros específicos. Uma possível regra de limite de valorizações ou quedas, já comum nos mercados futuros, é vista como uma alternativa ao circuit breaker.

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