postado em 10/09/2010 15:52
Rio de Janeiro ; Desde o ano passado a chamada nova classe média representa mais da metade da população brasileira, enquanto o número de pessoas nas classes de mais baixa renda vem caindo. De acordo com o relatório A Nova Classe Média: O Lado Brilhante dos Pobres, divulgado nesta quinta-feira (10/9) pela Fundação Getulio Vargas (FGV), o processo de emergência da classe média no Brasil foi motivado pela redução da desigualdade, mesmo durante a crise financeira mundial.Segundo Marcelo Néri, coordenador da pesquisa, a classe C se ;defendeu melhor; durante a crise. De acordo com o levantamento, quase 30 milhões de brasileiros passaram a ingressar a classe C (definida como nova classe média pela FGV) em 2009. A pesquisa mostra que essa parcela da população foi a que mais cresceu entre 2003 e 2009, chegando a abranger 94,9 milhões de pessoas (50,5% do total da população). No mesmo período, mais de 20 milhões de brasileiros subiram para as classes A e B, de renda maior. Os brasileiros que se enquadravam nas classes D e E passaram de pouco mais de 96 milhões para 73 milhões de pessoas.
;Como a desigualdade caiu e a economia está crescendo, as pessoas são empurradas de baixo para cima e é isso que aconteceu no Brasil no período de 2003 a 2009 e é isso que está acontecendo agora;, explicou Néri. O deslocamento dos brasileiros para classes de renda mais altas revela, segundo ele, o investimento da população em educação e o aumento da oferta de empregos formais, com número crescente de carteiras assinadas no país. Segundo ele, um processo sustentável. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho mostram que, nos sete primeiros meses deste ano, foram gerados 1,7 milhão de postos de trabalho formais.
;O grande símbolo dessa nova classe média é o emprego com Carteira de Trabalho que agora, em sete meses do ano, já bateu recorde. E a boa notícia é que tem sustentabilidade. Não é porque os brasileiros estão indo mais às lojas, ou porque tem programa social, ou porque tem crédito. Isso é parte da história. A parte principal é que o brasileiro fez o dever de casa, gerou renda e está trazendo renda para casa porque trabalha e estuda. Ele é o grande personagem dessa emergência da classe média, ele que fez esse processo;, disse Néri.
O levantamento aponta ainda que o Brasil saiu da crise ;não em fevereiro de 2010, mas em fevereiro de 2009;. Segundo Néri, o cenário coloca o Brasil em situação ;bem diferente de países como Índia e China, onde a economia está crescendo com aumento de desigualdade. No Brasil a economia não cresce tanto quanto nos outros Brics (acrônimo que representa os emergentes Brasil, Rússia, Índia e China), mas cresce com a redução da desigualdade, que era a nossa principal chaga;. Marcelo Néri afirmou ainda que o Brasil está cumprindo a Meta do Milênio na metade do tempo previsto. ;A pobreza tinha que cair 2,7% ao ano e está caindo 4,32%, taxa que foi registrada no ano de crise;.