Economia

Zona do euro tem previsão de crescimento, mas Irlanda é ameaça

Agência France-Presse
postado em 13/09/2010 15:51
Bruxelas - A Comissão Europeia revisou nesta segunda-feira (13/9) para cima a previsão de crescimento para a zona do euro, mas o horizonte econômico pode ser ofuscado frente aos temores de uma crise bancária na Irlanda, que ameaça se transformar no novo tendão de Aquiles para a Europa, depois da Grécia.

Nas novas projeções econômicas apresentadas nesta segunda-feira, a Comissão Europeia praticamente duplicou a previsão de crescimento para a zona do euro em 2010, ao elevá-la para 1,7% contra 0,9% do PIB (Produto Interno Bruto) em prognóstico anterior, de maio, após a histórica queda em 2009 (-4%).

Para toda a União Europeia (UE-27), a projeção também quase duplicou ( 1,8%).

"A economia europeia encontra-se claramente no caminho da recuperação, mais forte do que o previsto na primavera (hemisfério norte), e o aumento da demanda interna é um bom sinal para o mercado de trabalho", ressaltou o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Olli Rehn.

A zona do euro foi favorecida pelo bom desempenho da economia alemã no segundo trimestre, que deve favorecer a região até o fim do ano.

Nesse sentido, a Comissão Europeia revisou para cima a previsão para as duas maiores economias da zona do euro. Para a Alemanha, a previsão é de um crescimento muito mais elevado, de 3,4% (em vez de 1,2% antes); e para a França, de 1,6% (em vez de 1,3%).

No entanto, "a evolução continua sendo desigual" entre os países membros da Eurozona, adverte Bruxelas.

A Comissão Europeia prevê um retrocesso do PIB em 2010 para Espanha, de 0,3%, apenas um pouco menos do que o previsto até então (-0,4%). Para a Itália, a Comissão aposta em um crescimento menos claro do que o de Alemanha e França, de 1,1% (0,8% antes).

Bruxelas admite que a reativação é "frágil" e prevê uma desaceleração do crescimento no segundo semestre, principalmente devido à conjuntura mundial.

Além disso, "ainda há incertezas" que fazem com que "a estabilidade financeira e a continuidade do saneamento orçamentário continuem sendo as prioridades", ressaltou Rehn.

Após a grave crise ligada ao endividamento de alguns Estados da zona do euro, em particular do sul da Europa (Grécia, Espanha, Portugal), a Comissão não descarta que surjam novas dificuldades, que podem voltar a deixar os mercados temerosos.

"Não se pode descartar novas tensões no mercado financeiro", indica Bruxelas.

O risco de uma crise bancária na Irlanda, onde o setor está excessivamente endividado, provoca uma crescente preocupação na zona do euro.

As dificuldades do banco Anglo Irish Bank, que anunciou um prejuízo semestral recorde de 8,2 bilhões de euros, alimentam os temores relacionados a uma solvência do país, cujas finanças estão exauridas.

Devido a isso, Rehn pediu que a Irlanda "mantenha seu enfoque rigoroso em relação às finanças públicas".

A necessidade de Dublin de injetar dinheiro nos bancos para que não afundem (além do Anglo Irish Bank, teve que resgatar os grupos privados Bank of Ireland e Allied Irish Banks) agigantou o déficit público, que atingiu 14,3% do PIB em 2009.

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