postado em 14/09/2010 09:45
Basileia ; As novas regras de capital bancário acertadas por reguladores globais deram alívio aos bancos, tendo em vista o tempo maior para que instituições mais fracas levantem os recursos necessários e a liberdade para as mais fortes gerenciarem dividendos. Mas os maiores bancos internacionais ainda enfrentam desafios para combater a preocupação de que as instituições consideradas grandes demais para falir assumam riscos que possam afetar todo o sistema financeiro.Investidores receberam bem a implementação gradual dos novos padrões de capital, minimizando comentários de um dos criadores de que o setor teria de, eventualmente, levantar centenas de bilhões de euros. As ações dos bancos dispararam nos principais mercados. ;As autoridades concordaram e perceberam que precisam deixar os bancos se recuperarem primeiro e começar a emprestar para participar na recuperação;, disse Guy de Blonay, que participa da administração de 1,4 bilhão de libras do Financial Opportunities Fund.
As novas exigências de Basileia III obrigarão os bancos a manter capital de qualidade, totalizando 7% dos ativos de risco, mais que o triplo da quantia atual. O longo prazo de adequação aliviou temores sobre a necessidade de levantar capital. A Europa é a região mais provável em que bancos devem levantar recursos, especialmente na Alemanha e na Espanha. A nova exigência de capital representa um aumento substancial frente ao nível atual de 2%, mas é consideravelmente menor do que o temido pelos bancos. Além disso, o período de implementação pode se estender, em parte, até janeiro de 2019.
Compromisso
Presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet disse que os reguladores conseguiram um bom equilíbrio entre fortalecer o capital e permitir a concessão de crédito pelos bancos, mas afirmou que continua sendo ;um trabalho progressivo;. Para ele, as exigências de capital mais duras não prejudicam a recuperação econômica mundial.
O vice-presidente do Banco Central alemão, Franz-Christoph Zeitler, informou que os bancos alemães precisam levantar uma quantidade significativa de capital para cumprir as regras de Basileia III, mas chamou o acordo de compromisso justificável para a Alemanha. ;Se você comparar o resultado de hoje com o que estava sendo proposto originalmente, é um compromisso facilmente justificável;, declarou Zeitler. Mas, a seu ver, a necessidade de capital entre as instituições alemãs é menor do que a assumida por algumas associações bancárias.
Brasileiros acima da exigência
Vânia Cristino
Os bancos brasileiros, ao contrário dos europeus, estão supercapitalizados. Mesmo antes de Basileia III, o Banco Central brasileiro já exigia um percentual mínimo de 11% de capital próprio para suportar vários riscos, inclusive de crédito, enquanto na Europa esse percentual gira em torno de 8% a 9%. Em junho, o BC alterou o cálculo do capital mínimo exigido dos bancos a fim de que suportassem as situações de estresse, como a da crise financeira de 2008. A nova exigência só entrará em vigor, de forma gradativa, em janeiro de 2012.
Pelos dados do BC, as instituições brasileiras operavam, em março último, com sobra de capital. O índice de Basileia total do sistema era da ordem de 18,29%, o equivalente a R$ 438 bilhões. Mesmo com o reforço de capital exigido, de cerca de R$ 15 bilhões, essa situação pouco mudará. Pelos cálculos do BC, sem nenhum aporte de capital adicional e mantida a situação atual, o Índice cairia para 17%, ainda assim bem superior aos 11% determinados. Na Basileia, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que o sistema financeiro do país estará pronto para as novas regras a partir de 2013.
Dólar tem o menor valor
Vera Batista
O dólar fechou ontem na menor cotação do ano, negociado a R$ 1,715 no fim do dia, com desvalorização de 0,29%. É a posição mais baixa desde 3 de dezembro do ano passado, quando encerrou em R$ 1,709. O Banco Central fez dois leilões de compra da moeda para tentar segurá-la em relação ao real, mas não obteve sucesso. O motivo para a queda é a expectativa de entrada de recursos no país por causa da capitalização da Petrobras. A Bolsa de Valores de São Paulo teve alta de 1,83%, chegando a 68.030 pontos. Em Nova York, o índice Dow Jones subiu 0,78%.
O investidor brasileiro ficará mais protegido de quedas abruptas na cotação dos ativos negociados em bolsa. A BM criou uma nova ferramenta para evitar discrepâncias na variação de preço das ações. O limite intradiário entrará em vigor no dia 17 e será acionado cada vez que um negócio for fechado com valor 15% acima ou abaixo do preço-base do início da sessão. Gustavo Gazaneo, gestor da SLW Asset, disse que o mecanismo é bem-vindo. ;Os índices futuros já têm limites de 10% para a alta ou para a baixa e foi o que evitou maiores problemas durante a crise econômica de 2008;, afirmou.