Economia

Crescimento da América Latina corre perigo pela força de suas moedas

Agência France-Presse
postado em 14/09/2010 13:26
A valorização das moedas latinoamericanas, em especial do real brasileiro, poderá afetar a competitividade das exportações da região e desacelerar o crescimento desses países em 2011, com um impacto negativo para a reativação mundial, estimou nesta terça-feira (14/9) a Conferência da ONU para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD).

"O perigo, uma vez em certos países latinoamericanos, em particular no Brasil, está vinculado à forte valorização das moedas nos últimos meses", indicou o economista Heiner Flassbeck, ao apresentar o relatório anual da UNCTAD, em Genebra.

De fato, as moedas latinoamericanas não deixam de se reforçar diante do dólar desde o início do ano.

O melhor exemplo desta situação é dado pelo real brasileiro, que alcançou em 10 setembro seu nível mais alto ante a moeda americana, a 1,7202 unidades por dólar.

Durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o real valorizou 105,38%, passando de 3,533 por dólar a seu valor atual.

Flassbeck teme que essas apreciações "reduzam as exportações latinoamericanas" por tornarem-se menos competitivas, o que poderia se traduzir numa queda do poder aquisitivo dos consumidores e um crescimento mais frágil nos países da região.

Além disso, uma desaceleração da atividade econômica na América Latina terá consequências no resto do mundo, à medida que nos países desta região e os da Ásia são os que empurram atualmente o crescimento mundial, segundo o informe da UNCTAD.

Com seus volumes de intercâmbios comerciais outras vez nos níveis anteriores à crise o PIB (Produto Interno Bruto) da América Latina crescerá neste ano 5%, enquanto que o da Ásia registrará um crescimento de 8%, de acordo com as projeções desta agência das Nações Unidas.

De seu lado, o PIB real mundial só crescerá 3,5% em 2010, segundo a UNCTAD, que observa uma nova aceleração do crescimento da produção em quase todas as regiões com exceção da União Europeia (UE).

Mas frente aos cortes orçamentários adotados pelos governos, Flassbeck se mostra menos otimista para 2011 e espera um crescimento entre 2% e 2,5% do PIB.

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