postado em 14/09/2010 20:41
Rio de Janeiro - Depois de bater recorde histórico no ano passado, a venda de álcool hidratado caiu em 17,4% no primeiro semestre no país, em relação ao mesmo período de 2009. Nos primeiros seis meses deste ano, o total vendido foi de 6,652 milhões de metros cúbicos, contra 7,810 milhões de metros cúbicos comercializados de janeiro a junho de 2009.A redução contrasta com o crescimento constante que o comércio de álcool hidratado vinha tendo desde 2003, quando saiu de 3,245 milhões de metros cúbicos, chegando a quintuplicar o volume no ano passado. Em 2009, a comercialização interna do produto atingiu 16,470 milhões de metros cúbicos, representando uma alta de 23,9% sobre 2008, que foi de 13,290 milhões de metros cúbicos.
Para o superintendente adjunto de Pesquisa e Planejamento da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Ney Cunha, a queda no consumo no primeiro semestre se deve à alta de preços, provocada pela maior exportação de açúcar e pela formação de estoques pelos produtores.
;Quando o açúcar estiver mais vantajoso para o usineiro no mercado internacional, ele vai fabricar mais. E os usineiros se organizaram para fazer estoques (de álcool). Se o preço não estiver bom, não vendem. Se não ofertam o produto no mercado, o preço tende a aumentar;, afirmou.
Segundo o levantamento da ANP, o preço do álcool hidratado disparou no primeiro trimestre do ano, chegando em fevereiro ao valor médio nacional de R$ 1,98 o litro. Atualmente, já caiu para R$ 1,59. Como o álcool é menos eficiente que a gasolina, representando um aumento de consumo de 20% por quilômetro rodado, ele só compensa quando seu preço for no mínimo 30% menor que o da gasolina.
Cunha creditou o crescimento expressivo do mercado de álcool hidratado nos últimos anos ao aumento da frota de carros biocombustíveis. ;Isso ocorreu em função da explosão de automóveis flex no Brasil, que permite optar pelo combustível segundo o preço. E como o valor do etanol hidratado esteve vantajoso (no ano passado), o consumo aumentou quase 24%;, explicou Cunha.
Segundo a Federação Nacional de Veículos Automotores (Fenabrave), a produção anual de automóveis e veículos leves mais do que dobrou, desde 2003, saindo de 1,350 milhão de unidades, para três milhões no ano passado. Deste total, 93,5% são biocombustíveis.
Procurada para comentar a alta no preço do álcool hidratado apontada pela ANP no primeiro semestre, a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Única), informou que não havia ninguém disponível para falar sobre o assunto.
Os dados sobre o mercado de combustíveis no país fazem parte do Anuário Estatístico da ANP, lançado nesta (14), e podem ser acessados na página da agência na internet (www.anp.gov.br), no link Dados Estatísticos.