O Tesouro Nacional aproveitou a boa impressão que a economia brasileira vem causando aos investidores estrangeiros para buscar US$ 500 milhões em recursos nos mercados financeiros norte-americano e europeu, com a emissão de títulos soberanos. A operação realizada ontem reabriu o Bônus da República 2041, lançado originalmente em setembro do ano passado e elevou para US$ 1,775 bilhão o volume desses títulos em circulação no exterior. A oferta do título deve ser estendida para o continente asiático, a exemplo do ocorrido em operações anteriores semelhantes, em até US$ 50 milhões.
Os papéis com vencimento em janeiro de 2041 foram emitidos com prêmio de risco acima dos Treasuries (títulos do governo norte-americano), antecipação semestral de juros de 5,6% e taxa de retorno ao investidor (quantia que a União deverá remunerar pela aplicação) de 5,2% ao ano. Trata-se da menor taxa paga pelo Brasil em um título com prazo de 30 anos, o que demonstra a facilidade do governo em emitir papéis no exterior, uma vez que a remuneração exigida pelos investidores é mais baixa. Diante da receptividade, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, já anunciou que há estudos para o lançamento de bônus em reais ainda em 2010.
A emissão atual, liderada pelos bancos HSBC e Itaú, seguiu a estratégia adotada nas últimas emissões de melhorar o perfil qualitativo da dívida soberana do país em poder dos investidores estrangeiros.
Parâmetro
Como os papéis soberanos do governo funcionam como uma referência para operações privadas, as empresas brasileiras também aproveitam o bom momento para ir ao mercado externo em busca de recursos. Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), 11 companhias nacionais realizaram operações no mercado externo entre os meses de maio e julho, totalizando captação de mais de US$ 9,7 bilhões. Somente a Companhia Siderúgica Nacional (CSN) arrecadou US$ 1 bilhão e prepara agora a definição de preços para uma nova emissão de bônus perpétuo, para qual a demanda já ultrapassa os US$ 4,5 bilhões.
Petrobras em baixa
Rosana Hessel
A especulação em torno das ações da Petrobras aumentou ontem. Os papéis da estatal foram um dos três com maior queda ontem e puxaram a queda de 0,5% no Ibovespa, que fechou a 67.691 pontos. As ações ordinárias (com direito a voto) da estatal caíram 4,8% ontem, para R$ 30,14, e as preferenciais (sem o direito) tiveram queda de 5,12%, fechando a R$ 26,85. De acordo com analistas, a desvalorização da cotação da empresa na bolsa aumentou em virtude do curto espaço de tempo até a capitalização da companhia, marcada para o dia 29 deste mês.
A corrida para as reservas das ações da Petrobras começou nesta semana para todos os interessados. Amanhã, termina o prazo para quem investiu nos Fundos Mútuos de Privatização (FMP) da estatal, criados em 2000, e mantém cotas até hoje. Com o prazo cada vez mais curto, essas reservas dos preferenciais ; cotistas do FGTS da estatal e acionistas ; devem ser, em sua maioria, preenchidas manualmente, o que deve causar mais demoras.
Além disso, o investidor não preferencial estava, desde segunda-feira, com dificuldades para encontrar uma corretora pelo site da BMF, a fim de se cadastrar e também começar a fazer a reserva até o próximo dia 22.