Economia

Dólar retoma trajetória de queda e fecha a R$ 1,718

Vera Batista
postado em 17/09/2010 08:50

As expectativas de entrada maciça da moeda estrangeira voltaram a derrubar o preço do dólar(1). ;O puxão de orelha do Mantega (Guido Mantega, ministro da Fazenda) entrou por um ouvido e saiu pelo outro. Pelo jargão do mercado, são palavras, nada mais que palavras;, ironizou um operador de mesa de câmbio. Depois de um rápido suspiro na quarta-feira, a moeda americana retomou ontem a tendência de queda já sinalizada pelos especialistas e encerrou o dia em baixa de 0,42%, cotada a R$ 1,718, apesar de dois leilões de compra realizados pelo Banco Central (BC) para enxugar o mercado.

No mês, o dólar registra queda de 2,39% e, no ano, acumula baixa de 1,66%. A desvalorização ocorreu também em outras praças. Na Europa, perdeu valor diante do euro, que estava fortalecido pelo bem-sucedido leilão de bônus da Espanha e pelos rumores de que a China havia comprado uma quantidade significativa de euros para controlar indiretamente a moeda local, o iuan, que experimenta seguidas máximas recordes em relação ao dólar.

Bolsas
Em comparação ao iene japonês, a divisa americana teve leve alta, ainda repercutindo a intervenção da autoridades japonesas no dia anterior, que provocou forte ganhos sobre o dólar. Ontem, o governo do Japão não atuou para conter a desvalorização da moeda nacional.

No mercado acionário, o Ibovespa, índice mais negociado na Bolsa de Valores de São Paulo (BM), fechou em baixa de 0,65%, nos 67.662 pontos, com reduzido giro, de apenas R$ 4,7 bilhões, volume mais fraco nesta semana. Os indicadores da economia americana no mercado de trabalho, apesar de melhor que o previsto, não animaram os investidores. Mesmo assim, a Bolsa de Nova York subiu 0,21%. Na Europa, o dia foi de queda. A Bolsa de Londres perdeu 0,28%. A de Paris cedeu 0,52%. O mercado de Frankfurt regrediu 0,20%. E o de Madri encolheu 0,33%.

1 - Duplo mergulho
Paul Krugman, Prêmio Nobel de Economia de 2008, disse ontem, em São Paulo, que há 33% de chances de os Estados Unidos darem um duplo mergulho e entrarem em nova recessão nos próximos trimestres. Alegou, contudo, que esse não é o cenário mais provável. A tendência é de que a maior economia do planeta continuará fraca nos próximos seis anos. Já o Brasil, na visão do economista, graças a seu mercado interno e à redução das desigualdades, terá condições de manter uma expansão média de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos três ou quatro anos.

Nova classe média turbina o Bradesco

Mariana Mainenti

A ascensão de cerca de 30 milhões de brasileiros à classe média está impulsionando os negócios do Bradesco, banco que focou sua estratégia de negócios nesse novo público consumidor. Cerca de 80% do crescimento da carteira de crédito da instituição são referentes a empréstimos concedidos a pessoas físicas e a empresas que nunca tinham tomado recursos bancários antes. Em entrevista exclusiva ao Correio, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, disse que a projeção do banco é de uma expansão de 20% em sua carteira de crédito em 2010.

Trabuco aponta que a mobilidade social também se reflete na melhora das condições dos negócios no país. ;No momento em que os pobres se transformam em consumidores, abrem-se novos bares, restaurantes, lojas;, exemplificou o executivo, acrescentando que recentemente o Bradesco financiou cerca de 25 mil novos veículos Scania para caminhoneiros, sendo que desde 1959, quando a fabricante começou a operar no Brasil, foram produzidos 220 mil caminhões.

Resultados
Para alcançar esse novo perfil de consumidor, o banco abriu agências na favela de Heliópolis, em São Paulo, e em um barco supermercado que navega pelo Amazonas. Ao apresentar ontem os resultados do primeiro semestre a analistas e investidores, em evento em Brasília, Trabuco demonstrou que essa estratégia levou a instituição a apresentar retorno acima de 20% sobre o patrimônio líquido.

;Daqui a 20 anos, o Brasil terá 250 milhões de habitantes. No auge do sonho americano, a população dos Estados Unidos era de 250 milhões. Por isso, nosso posicionamento é ser um banco brasileiro por excelência, presente em todas as regiões o país, atendendo todas as faixas da população.;

Ouça trecho da entrevista com o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi.

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