Rosana Hessel
postado em 18/09/2010 08:00
Enquanto o dia da maior oferta de capital da história do mercado acionário global se aproxima, a Petrobras resolveu dobrar o volume de ações que irá colocar na bolsa de valores. Ontem, a companhia emitiu comunicado retificando que, em vez de 10%, o novo limite do lote adicional de ações preferenciais e ordinárias será de 20%, o dobro do previsto para a oferta pública. Até quinta-feira, o valor da oferta era de R$ 110 bilhões, que se referiam aos 80% das ações previstas para a megaoperação marcada para o próximo dia 29.;Essa medida foi uma surpresa, pois não era esperada neste momento, quando ainda não se sabe qual foi a adesão dos acionistas do primeiro corte e dos cotistas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Isso indica que a expectativa da Petrobras é que a procura no varejo vai ser grande e eles já estão se antecipando;, disse um operador do mercado. Segundo ele, a procura para as reservas das ações continua grande e a expectativa é que a maior parte dos brasileiros, como de praxe, deixe para o último dia. Ele lembra que o interesse é grande especialmente porque a Petrobras está investindo pesado na mídia, fazendo anúncios sobre a capitalização a todo momento no rádio, na televisão e até em propaganda nos cinemas.
Os últimos boatos do mercado eram de que vários fundos, em especial um chinês, estariam interessados em investir na estatal de energia. Isso pode ter sido um dos catalisadores dessa antecipação, avaliam alguns analistas. Entretanto, os mais cautelosos acham que a medida pode ser apenas uma ferramenta para impulsionar a demanda durante a capitalização, uma vez que ela poderia estar abaixo das expectativas iniciais. ;Há casos de empresas que fizeram isso recentemente e o efeito foi o contrário e a procura acabou ficando abaixo do mínimo esperado;, afirmou outra fonte de mercado.
O estatuto social da empresa, prevê uma capitalização de até R$ 150 bilhões, dos quais um teto de R$ 90 bilhões para a oferta de ações ordinárias (com direito a voto) e de até R$ 60 bilhões em ações(1) preferenciais (sem direito a voto, mas com prioridade para o recebimento dos dividendos). Esse volume, em valores convertidos ao câmbio de ontem, chegaria a US$ 87,7 bilhões e é mais do que o dobro da operação da japonesa Nippon Telegraph and Telephone (NTT), que levantou quase US$ 36,8 bilhões em 1987 é considerada hoje a maior da história, conforme dados do mercado.
Reservas
O prazo das adesões dos proprietários de cotas do Fundo Mútuo de Privatização (FMP) da Petrobras ; compradas em 2000 e mantidas até hoje ; venceu na quinta-feira, 16, e a Caixa Econômica Federal deverá divulgar o total de adesões do FGTS no começo da próxima semana. As estimativas da instituição é que sejam sacados das contas do fundo cerca de R$ 900 milhões para essa capitalização.
Ontem, foi a data de corte para a segunda chamada dos acionistas que engloba quem comprou ações da estatal até o dia 14. Esses acionistas terão prioridade na fila para as reservas dos lotes, cujo prazo termina na próxima quarta-feira, 22. Aliás, essa é data-limite para todos que queiram investir na capitalização da Petrobras. Para isso, é preciso fazer uma reserva em uma das 77 corretoras habilitadas para a megaoperação que estão listadas no site da BMF.
Quem ainda não tem cadastro, deve procurar a corretora escolhida levando documentos e comprovante de residência para assinar a ficha da reserva. O valor mínimo do investimento é de R$ 1 mil, e o máximo de R$ 300 mil. Não existe taxa para o cadastro nem para a compra das ações, mas é importante checar os valores de corretagem, que variam de R$ 5 a R$ 20, para cada ordem de venda. Algumas corretoras cobram taxas de até 0,5% sobre o valor total comercializado. Outra opção para quem não é acionista e quer investir é procurar as administradoras dos Fundos de Investimentos em Ações da Petrobras (FIA-Petrobras). Nesse caso, a melhor fonte é o gerente do banco. O valor mínimo da aplicação é de R$ 200 e o teto é de R$ 300 mil.
1 - Leve alta
Os papéis da Petrobras oscilaram pouco ontem, algo que não preocupou o mercado, uma vez que o volume de negociações geralmente cai na sexta-feira. As ações ordinárias fecharam com alta de 0,73%, para R$ 30,19, mas a queda acumulada na semana é de 2,68% e de 26,22% no ano. As preferenciais subiram ontem 0,30%, para R$ 26,44. Na semana, a queda acumulada foi de 3,92% e, no ano, de 26,34%.