postado em 19/09/2010 09:13
O estudante Guilherme Santana, 17 anos, tirou os R$ 30 mil da poupança que seus pais vinham engordando e investir tudo na bolsa de valores. Em fevereiro, comprou ações e, mensalmente, injeta mil reais nelas. "Deixo-as lá rolando, não mexo nelas", diz. Quando completar 30 anos, ele planeja recolher o dinheiro, que, espera, terá triplicado. Por enquanto, tudo corre sem contratempos. "Eu já tenho pelo menos 10% de lucro", comemora.
Aos poucos, os jovens brasileiros têm aprendido a tirar vantagem de um universo cheio de números, gráficos e termos complicados. "O acesso mais amplo a informações sobre a bolsa faz com que eles fiquem menos reticentes na hora de investir", acredita José Alberto Netto Filho, professor de educação financeira da Bolsa de Valores de São Paulo (BM). De janeiro a agosto, a quantidade de investidores com até 25 anos cresceu 11,4%, enquanto o total aumentou em 6,8%. Porém, as cifras ainda são acanhadas. Dos 597,5 mil investidores registrados em agosto, apenas 6% faziam parte daquela faixa etária.
Se dependesse de Santana, esse número seria mais robusto. "Eu tento mostrar aos meus amigos que vale a pena investir. Muitos se interessam, mas ficam temerosos", relata. O estudante ainda era criança quando começou a ouvir seu irmão mais velho e um tio, também investidores, comentarem o mercado financeiro. "Um dia, a gente se sentou e eles me contaram como funciona, falaram sobre os riscos e os lucros. Até hoje, os consulto". Depois de convencer os pais, contratou uma corretora e, desde então, mantém contato diário com seu operador e acompanha os movimentos do mercado por meio de um software online.
Para se familiarizar com a área, Santana se matriculou em um curso de três meses. "No começo, eu ficava meio perdido. Se você não estudar a fundo, fica bastante confuso", avalia. Essa ainda é a situação do personal trainer Júlio César Cavalcante, 24 anos. "Não entendo nada disso", admite. Quando decidiu movimentar os R$ 31 mil que tinha na poupança, confiou nas dicas de um primo que é corretor. "Eu queria investir o dinheiro, só não sabia em quê. Disse a ele que o retorno poderia ser a longo prazo, já que eu não tinha com o que gastar a grana."
Em junho, o rapaz adquiriu ações de empresas como Petrobras e Vale e espera que o investimento triplique em seis anos. Quando lhe sobrar tempo, pretende estudar. "Quero aprender a analisar o mercado", diz. De vez em quando, ele se espanta com os altos e baixos da bolsa. "Um dia, minhas ações estavam com aumento de 40%. No outro, davam lucro de 10%. No terceiro dia, já davam prejuízo", recorda. "Quis desfazer o investimento, pensei: 'não vai dar certo, estou perdendo dinheiro'". Ele se acalmou depois que o primo explicou que aquelas oscilações eram normais. "Não fico mais bitolado. Só o procuro uma vez por semana."
Aos 22 anos, o publicitário Mauro Martins pretendia comprar um apartamento. Para ter os recursos necessários, investiu R$ 5 mil em ações e o valor era ampliado com o que sobrava de seus freelances. Cinco anos depois, recolheu o dinheiro e conseguiu pagar a vista o imóvel, cujo preço, porém, havia encarecido muito mais do que ele esperava. Por isso, Martins, hoje com 28 anos, acabou se arrependendo do investimento. "A valorização que eu conseguia com minhas ações era boa, mas acabei brigando com um mercado que valorizava muito mais", lamenta. Mesmo assim, ele já planeja novas idas à bolsa, quando se capitalizar de novo. Martins já operou por meio de um home broker(1).
1 - Pela internet
É o processo que permite a negociação de ações via internet. O Home Broker está interligado ao sistema de negociação da BM e possibilita que você envie ordens de compra e venda de ações pelo site de sua corretora.