postado em 22/09/2010 21:46
Rio de Janeiro - A adesão de acionistas minoritários na compra de ações da Petrobras deverá ficar acima do esperado. A estimativa é do economista Helder Queiroz, coordenador do Grupo de Economia da Energia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). ;Ainda é cedo para se ter uma avaliação precisa, mas está havendo uma adesão de minoritários que chega a ser acima da expectativa inicial. Tem muita gente aderindo;, disse.Ainda assim, o economista considera difícil avaliar se a fatia dos minoritários será mantida na proporção atual na composição acionária da companhia. Ele afirmou que até poderá haver maior participação do governo na empresa, o que não significará maior ingerência em sua administração.
;A adesão dos acionistas minoritários tem sido grande, mas não sabemos se vai ser na altura do que é hoje. Caso isso não ocorra, o governo vai aportar uma parcela que permitirá ter uma fatia maior da empresa. Mas não acho que isso signifique maior ou menor controle estratégico. É legítimo o governo ter uma parcela importante e não é problema ampliar essa fatia, pois a Petrobras continuará a ser mista, talvez com um pouco mais de participação do Estado na estrutura de capital;, afirmou Queiroz.
Segundo ele, sem o processo de capitalização, a empresa teria muita dificuldade de assegurar o programa de investimento que desenhou em seu plano de negócios. ;Ocorreriam atrasos, teria que rever o portfólio de investimentos e isso implicaria numa caminhada mais lenta em direção da monetização [transformação em riqueza líquida] das reservas do pré-sal;.
O presidente licenciado da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), Fernando Siqueira, defende a expansão da participação do governo na estatal. ;Esperamos que o governo amplie sua fatia. Se isso acontecer, será muito positivo, pois o pré-sal é uma riqueza avaliada em mais de US$ 10 trilhões e se o governo tiver participação maior, isso se reverterá para o povo brasileiro;, disse Siqueira.
;O governo antigamente tinha 84% das ações ordinárias e 51% do capital total. Hoje tem menos de 40% do capital total. Eu torço para que haja uma ampliação, pois no mundo todo 90% das reservas de petróleo estão com empresas estatais;, afirmou o presidente da Aepet, entidade que congrega cinco mil funcionários, entre engenheiros e pessoal com nível superior.