Economia

Brasileiro acredita que desempenho da economia estimula consumo

Indústrias apostam nesse ânimo para continuar vendendo

postado em 23/09/2010 07:37
A percepção de que está mais fácil conquistar um emprego e de que a inflação está menor tem levado os consumidores a experimentarem os maiores níveis de confiança na economia registrados nos últimos cinco anos, segundo levantamento da Fundação Getulio Vargas (FGV). Em setembro, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) atingiu pela segunda vez consecutiva o maior patamar da série histórica com ajuste sazonal, 121,7 pontos, aumentando 0,7% em relação a agosto e 9,9% se comparado a setembro de 2009.

Em pesquisa da FGV, consumidores se dizem animados para gastarO estudo mostra que o fator que mais contribuiu para a elevação do índice foi a análise feita da economia atual, quesito que cresceu 3,5% e atingiu 140,8 pontos. ;O consumidor tem avaliado muito bem a economia. Sobre o mercado de trabalho e sobre a situação da economia em geral. Desde 2005 não há uma avaliação tão favorável;, afirmou o coordenador de Sondagens Conjunturais da FGV, Aloísio Campelo.

Além de enxergar com bons olhos o atual momento do mercado de trabalho e da inflação, o humor do consumidor também é influenciado no período pela corrida eleitoral, que aumenta o número de empregos temporários e, consequentemente, também eleva a renda do trabalhador.

Enquanto a economia segue em expansão, o índice que aponta as expectativas para os próximos meses recuou 1,1% para 111,6 pontos. Apesar da queda, o número não deve ser lido como enfraquecimento no ânimo para o consumo nos próximos meses, segundo Campelo, uma vez que reflete um movimento natural de acomodação da demanda que se mantém em ritmo forte. ;É natural que as expectativas, que estavam em um patamar muito elevado, comecem a decair um pouco. O patamar da confiança quanto ao futuro arrefeceu, mas continua acima da média histórica;, ponderou.

Reforço
Uma mostra de que apesar do recuo do índice de expectativas o consumidor não deve gastar menos até o fim do ano é a disposição em consumir bens duráveis que, de acordo com Campelo deve voltar a ganhar força. ;De modo geral, a população vê o avanço econômico como favorável e, do ponto de vista do consumo, ainda está terminando a fase de ajustes de endividamento que foi contraído na época de IPI reduzido (1). O consumidor antecipou essas compras e agora está equilibrando o orçamento. A inadimplência já caiu e, nos próximos meses, deve haver retomada de compra de duráveis;, estimou.

A boa avaliação do consumidor e a proximidade das festas do fim do ano acabam refletindo no otimismo do setor produtivo, segundo levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) divulgado ontem pela instituição registrou um pequeno recuo de 0,6%, mas se manteve em 63,4 pontos em uma escala de 0 a 100 na qual valores acima de 50 indicam expectativas positivas.

O número sugere, segundo leitura do economista da CNI Marcelo Azevedo, que os empresários pretendem continuar produzindo nos próximos meses em um ritmo semelhante ao observado no último trimestre. ;O otimismo praticamente estável nesse patamar alto sugere que as companhias devem manter, por exemplo, o ritmo de compra de matérias-primas o que vai levar à manutenção da atividade;, afirmou.

1 - Benefício fiscal

A redução das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) foi um dos principais mecanismos que o governo utilizou durante a crise para evitar uma paralisação mais expressiva em setores sensíveis da economia como o automobilístico e de eletrodomésticos da linha branca (fogões, geladeiras e tanquinhos). A medida ainda está em vigor para alguns setores, como o de materiais de construção e de alguns tipos de máquinas e equipamentos.

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