Economia

França: sindicatos convocam dois novos dias de protestos

Agência France-Presse
postado em 24/09/2010 10:21
Os sindicatos franceses convocaram nesta sexta-feira (24/9) duas novas jornadas de manifestações para os dia 2 e 12 de outubro, em protesto contra a reforma do sistema de aposentadorias, após uma reunião intersindical, depois de mais um dia de greve.

Para o sábado 2 de outubro, as centrais operárias francesas convocaram manifestações em todo o país, enquanto o protesto do dia 12 inclui uma greve, segundo fontes sindicais.

Os sindicatos anunciaram sua decisão depois de uma assembleia na sede parisiense da CGT, onde foi feito um balanço das greves e mobilizações organizadas até agora na França contra a reforma do presidente Nicolas Sarkozy.

Pouco antes do anúncio, o primeiro-ministro francês François Fillon havia declarado que o executivo se manterá "firme" e levará a reforma "até o final".

"Não. Com o presidente da República, não retiraremos este projeto de reforma, porque é necessário e é razoável", defendeu Fillon, referindo-se à reforma que elevará de 60 para 62 anos a idade mínima para aposentadoria no país.

"É preciso responder com firmeza às ruas. Porque governar é respeitar cada um (...), e governar a França também é, às vezes, saber dizer não", estimou o primeiro-ministro.

"Não renunciaremos ao aumento da atividade, porque se por alguma desgraça desistirmos, nosso sistema de aposentadorias entraria em colapso por causa do peso do déficit", destacou.

O governo Sarkozy justifica o plano de reforma alegando o aumento da expectativa de vida da população e o déficit do próprio sistema de pensões, triplicado pela crise financeira em 2010 para 32 bilhões de euros (39 bilhões de dólares).

Os sindicatos franceses afirmam ter reunido três milhões de pessoas na quinta-feira - 300.000 a mais que nos protestos de 7 de setembro -, enquanto o ministério do Interior indica a participação de menos de um milhão de manifestantes - menos que o 1,1 milhão de pessoas que foi às ruas duas semanas atrás.

A líder socialista Ségol;ne Royal comentou nesta sexta-feira que a reação do governo às manifestações contra a reforma lembram o rei "Luís XVI, que fechava as cortinas de seu palácio para não ouvir o povo".

"O que é certo é que havia muita gente nas ruas, pelo menos tanto quanto da última vez e (...) mais que nos maiores protestos contra o CPE", afirmou Ségol;ne em entrevista à rádio France Bleu Poitou, fazendo referência ao projeto de lei do primeiro emprego para menores de 26 anos que a direita francesa tentou aprovar em 2006.

"Esta polêmica criada pelo Eliseu (sede da presidência francesa) antes da organização das manifestações me faz pensar em Luís XVI, que fechava as cortinas de seu palácio para não ouvir os protestos do povo", disse a política, que em 2007 perdeu as eleições presidenciais para Sarkozy.

"Nicolas Sarkozy e seu governo precisam escutar o povo francês, que exige uma reforma das aposentadorias justa e eficaz", acrescentou.

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