Economia

Reclassificação para melhora da nota de risco do Brasil deve sair em 2011

Vera Batista
postado em 26/09/2010 08:33
A possibilidade de nova melhora no grau de investimento do país foi adiada para o ano que vem, embora os analistas considerem que os fundamentos da economia brasileira (juros, inflação e dívida) continuam sólidos. Em junho, quando a agência de classificação de risco soberano Fitch Ratings elevou a perspectiva do Brasil de estável para positiva, técnicos do mercado financeiro interpretaram como claro sinal de que melhores notícias chegariam até setembro. Nesta semana, a sete dias das eleições presidenciais, eles ponderam que o assunto é polêmico demais para o momento.

Na ocasião, a Fitch ressaltou que as previsíveis mudanças na condução do país não seriam motivo de preocupação no que se refere à nota de risco de crédito soberano. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu publicamente os esforços do governo e reclamou reconhecimento maior da agência ao desempenho do Brasil, frente a outras nações ;injustamente; mais bem colocados. ;O Brasil tem triplo B (BBB-, grau de bom pagador), mas deveria ter mais;, provocou. Hoje, no entanto, segundo conversas de bastidores, são as incertezas quanto à sua sucessão que trazem incômodo.

Uma dúvida: quem assumirá a pasta da Fazenda? Será um desenvolvimentista (favorável a uma política econômica voltada para o crescimento, com participação ativa do Estado) ou um monetarista (defende a estabilidade da economia pelo controle de volume de moeda disponível e de outros meios de pagamento)? Fontes ligadas ao ministério garantem que, vença quem vencer o pleito, Mantega será o primeiro a sair. Além disso, o mercado teme o neodesenvolvimentismo, que, na essência, é política de resultados focada na base da pirâmide social.

Questões
;Já tem gente irritada com alguns projetos defendidos pelo governo, como a ressurreição da Telebras e a criação de uma estatal na área de seguros;, criticou um analista. Para Ruy Coutinho, presidente da Latin Link Consultoria, ;as eleições já não causam estresse como em 2002. Mas a candidata líder nas pesquisas ainda não colocou o seu pensamento na mesa. Esse retardamento não agrada o mercado;.

Flávio Serrano, economista do BES Investimentos, acredita que a elevação da nota soberana virá até o fim do ano ou no início de 2011. ;O Brasil é credor externo líquido e a inflação está em torno da meta. Maior solidez, remete a risco menor;, sintetizou.

Observações
Para mudar a perspectiva do Brasil de estável a positiva, a agência considerou pontos questionados por economistas. Por exemplo, a Fitch elogiou as políticas econômicas ;relativamente prudentes;, com efeitos positivos sobre o nível de renda e de solvência das contas públicas. Mas destacou algumas fraquezas, como a pesada dívida pública e o enfraquecimento estrutural das finanças governamentais.

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