postado em 26/09/2010 08:39
Com o aumento das críticas internacionais ao controle estatal sobre a economia, o governo chinês deu um passo rumo à maior independência dos agentes econômicos e começou a permitir, desde ontem, que os bancos façam empréstimos entre si, prática comum nos centros capitalistas. De acordo com o Banco Popular da China (BPC, o banco central do país), o objetivo é dar às instituições financeiras maior influência no mercado local.Para o presidente do BPC, Zhou Xiaochuan, o sistema de transferência interbancária vai ajudar os credores a administrar os riscos dos empréstimos e permitirá a liberalização das taxas de juros, hoje fortemente reguladas pelo governo. No primeiro dia de vigência da permissão, 21 bancos aderiram ao sistema de transferência ; os primeiros acordos interbancários foram anunciados. Um deles foi assinado entre o Banco Industrial e Comercial da China e o Banco das Comunicações, dois dos maiores credores do país.
Xiaochuan destacou que investidores institucionais poderão participar do sistema no futuro. ;Poderão criar um vínculo efetivo entre o mercado de capitais e o de crédito;, anunciou. Em sua avaliação, o sistema vai melhorar a eficácia de políticas monetárias e financeiras, a estrutura do crédito e o controle de riscos financeiros.
No ano passado, os bancos chineses fizeram empréstimos no valor de 9,6 trilhões de iuans (US$ 1,4 trilhão), sendo o governo o principal credor. Analistas advertiram para o risco de aumento da inadimplência no futuro. Embora os empréstimos tenham sido menores este ano, os bancos ocasionalmente têm dificuldades de cumprir a regra de limitar o crédito a 75% do volume de depósitos. Essa tarefa será facilitada pelo novo sistema, que permitirá transferências de dívidas.
Pressão
O anúncio também deve contribuir para a redução da onda de críticas ao governo chinês. Na semana passada, o presidente norte-americano, Barack Obama, acusou os dirigentes de não tomarem medidas suficientes para elevar a cotação da moeda. Os Estados Unidos avaliam que a China mantém o valor do iuan artificialmente baixo como forma de garantir às empresas uma vantagem injusta no comércio internacional. Em resposta, a porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China, Jiang Yu, afirmou que a pressão para apreciação do iuan é ;insensata e míope;.