postado em 27/09/2010 19:42
Nem as indefinições do período eleitoral foram capazes de abalar o otimismo das construtoras nacionais. Pelo sétimo mês consecutivo, os empresários se declararam confiantes quanto ao crescimento da atividade na construção civil. Uma sondagem do setor, elaborada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em relação ao mês de agosto, alcançou 56 pontos em uma escala na qual valores acima de 50 indicam crescimento ou expectativas positivas. O valor é o mais alto já constatado pela pesquisa, cuja série histórica começa em dezembro de 2009. No quesito expectativas para os próximos seis meses, o otimismo é ainda maior: 65,3 pontos.O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady Simão, atribui o resultado ao bom momento que o setor vive, somado à expectativa de crescimento econômico entre 7% a 8% no ano. ;O otimismo é natural se considerarmos um conjunto de fatores como a continuidade do programa Minha Casa Minha Vida, a farta oferta de crédito para moradias, as obras de infraestrutura e os primeiros investimentos para a Copa do Mundo de futebol e para as Olimpíadas no Rio de Janeiro;, disse.
As empresas mais confiantes quanto aos próximos seis meses são as de grande porte, com 68,8 pontos, contra 60,9 das pequenas. O economista da CNI, Danilo Garcia, pondera que o resultado reflete a concentração de investimentos do setor em grandes obras e edifícios, que são executados por empresas maiores. ;Embora a confiança seja maior entre as empresas grandes, as médias e pequenas também alcançaram números expressivos, acompanhando a tendência de crescimento econômico.; A construção de edifícios, com 55,1 pontos, é o setor mais aquecido atualmente conforme as respostas dos empresários, seguida pelas obras de infraestrutura, com 53,9 pontos.
Para os próximos meses, a expectativa é a de que o segmento mais aquecido será a compra de insumos e matérias primas, com 64,2 pontos. Em segundo lugar vem a categoria novos empreendimentos e serviços, com 63,1 pontos. Fábio Teles, gerente da EBM incorporações, considerou o resultado dentro das expectativas da empresa e prevê mais crescimento a médio prazo. ;A elevação dos índices de emprego e renda, além da própria confiança do consumidor, contribuirá para o aumento da demanda na construção.;
Preços
Enquanto a atividade aumenta, os preços para construir apresentaram alta de 0,2% em agosto, conforme dados do Índice Nacional de Custo da Construção ; M (INCC-M), elaborado pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O número demostra desaceleração frente ao 0,22% registrado no mês anterior. Em Brasília os preços subiram acima da média nacional: 0,26%. No ano, o índice acumula variação de 6,40% e nos últimos 12 meses, a taxa é de 6,94%. Paulo Simão, da CBIC, interpreta o resultado como estabilidade. ;O importante é que o setor continuará crescendo em 2011.;
Já a economista Ana Maria Castelo, da FGV, atribui a desaceleração no aumento dos preços ao aumento das importações. Fábio Teles, da EBM incorporações, considera o resultado pontual e espera altas mais expressivas no custo da construção para os próximos meses. ;O aumento de preços tem sido constatado significativamente nas obras que tocamos, em parte isso se explica pela grande demanda. O país, hoje, é praticamente um canteiro de obras;, pondera. Teles afirma ainda que a maior pressão sobre o custo é a alta dos salários para a mão de obra e teme que haja escassez de profissionais no ano que vem.
;É mais fácil aumentar a produtividade das linhas de montagem, quando falta material, do que qualificar profissionais. Daí a disputa pela mão de obra que tem gerado aumento de salários e custos;, complementa o gerente da EBM incorporações. Segundo o INCC-M, em 12 meses, a variação do gasto com mão de obra especializada foi de 9,85%. Já os materiais e equipamentos ficaram 5,12% mais caros e os serviços da construção subiram 6,91% no mesmo período.