Economia

Banco Central não impedirá alta dos preços, segundo economistas

Vânia Cristino/ Especial Estado de Minas
postado em 27/09/2010 20:41
Mesmo com o mercado financeiro elevando a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e inflação para 2010, os economistas estão convencidos de que o Banco Central não tomará nenhuma atitude este ano para evitar o recrudescimento dos preços. "Esses resultados de curto prazo não influenciarão o BC, pelo menos até dezembro. Para 2011, o viés de alta deverá se consolidar ao longo das próximas semanas", avaliou o economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho.

Dados da pesquisa semanal Focus divulgada nesse domingo (26/9), indicam que o mercado continua otimista com o crescimento da economia. A estimativa de variação do PIB para este ano passou de 7,47% para 7,53%, permanecendo em 4,50% a previsão de PIB para 2011. Já a expectativa para a alta de preços medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (PCA) avançou de 5,01% para 5,05% para o fim do ano.

A economista sênior para a América Latina do RBS, Zeina Latif, observa que ainda é cedo para dizer se o BC volta ou não a subir os juros no início do ano que vem. "A elevação da inflação de alimentos já era esperada. O problema é saber se essa alta é transitória ou permanente", disse. De acordo com Zeina se houver uma acomodação do preço das commodities daqui para a frente pode ser que o BC consiga, com os juros no atual patamar (10,75% ao ano), cumprir a meta para 2011. O centro da meta é de uma inflação de 4,50% em 2010 e 2011.

O setor de Análise Econômica e Crédito ao Consumidor da Moody;s também divulgou nesse domingo relatório para dizer que não acredita na necessidade de elevação da taxa de juros no Brasil este ano. Para a Moody;s os choques externos são os maiores responsáveis pela escalada de preços na economia brasileira. "Portanto, o Banco Central não deve ativar a artilharia monetária contra esse tipo de inflação", disse o diretor da Moody;s para a América Latina, Alfredo Coutiño.

O indicador Serasa Experian de Atividade Econômica apontou pequena desaceleração no terceiro trimestre do ano. O recuo foi de 0,2% em julho na comparação com o mês anterior. A desaceleração da atividade, sob a ótica da oferta, foi determinada pelo setor industrial, com queda de 1,2% na comparação com junho, além de recuo de 0,1% do setor de serviços. Apenas o setor agropecuário mostrou desempenho positivo no mês. Já levando em conta a demanda agregada, os investimentos recuaram 1,9%, enquanto que as exportações de bens e serviços apresentaram queda de 1,8%.

Na avaliação dos economistas da Serasa, o fim dos estímulos fiscais à aquisição de veículos, o aperto monetário conduzido pelo Banco Central (BC) e o maior grau de endividamento dos consumidores explicam a desaceleração verificada em julho. No âmbito internacional, a entidade também aponta o enfraquecimento da economia mundial, sobretudo dos países mais desenvolvidos.

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