Economia

Credenciadoras de cartão perdem recursos com o fim da exclusividade

Lojistas devem negociar contratos para obter vantagens

postado em 28/09/2010 08:05
Um elo importante da indústria de cartões de crédito vai sofrer um forte baque no faturamento. As credenciadoras Cielo e Redecard devem perder aproximadamente R$ 3 bilhões com o fim da exclusividade no uso das maquininhas. O cálculo é da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e, na convenção nacional da categoria, virou um dos principais argumentos para que os comerciantes renegociem seus contratos a fim de obter redução de custos.

Passados três meses do fim da exclusividade das credenciadoras, a concorrência no setor se acirrou e as empresas focaram todo o esforço de marketing no lojista. Com a possibilidade do comerciante operar todos os cartões em uma única máquina, a CNDL estima que, na média, as taxas cobradas em cada operação de venda ficaram 35% mais baratas ; uma redução que está sendo obtida por quase todos que optaram por renegociar os contratos. ;O aluguel das máquinas também está com os dias contados;, afirmou Roque Pellizzaro, presidente da confederação.

Pellizzaro avalia que o aluguel das máquinas está com dias contadosNa disputa para não perder mercado, a primeira ação das credenciadoras para atrair os comerciantes foi a de liberar os terminais eletrônicos sem custo. Com as empresas abdicando do aluguel, a CNDL estima que a indústria de cartão deixará de lucrar R$ 1,5 bilhão por ano. Com a concorrência e as taxas de desconto por operação em queda, outros R$ 700 milhões a menos deixarão de entrar nos cofres desse segmento. ;Em uma pequena empresa, com faturamento de até R$ 5 mil, por exemplo, essa economia significa o 13; salário do empregado. Em uma grande, o montante pode superar até a verba de publicidade e marketing do ano;, calculou Pellizzaro.

Quando um cliente paga com cartão de crédito, o comerciante demora até 30 dias para receber aquele dinheiro. Para antecipar essa receita, é preciso pagar uma taxa e, com a forte concorrência, elas também começaram a recuar. Pelos cálculos de Pellizzaro, os lojistas deixaram de pagar mais R$ 600 milhões à indústria de cartões. ;Com toda essa economia, podemos dizer que essa é a maior injeção de recursos simplificados no varejo;, disse ele.

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Para Deusmar Queirós, presidente da maior rede de farmácias do país, a Pague Menos, a negociação com a credenciadora vai render uma economia milionária. ;Já escolhemos uma empresa e iremos economizar, por ano, R$ 10 milhões;, disse o empresário sem revelar o nome da eleita para operar nas 500 lojas do grupo. ;E o varejo vai se beneficiar ainda mais;, emendou Pellizzaro. ;Estão chegando outros concorrentes para o setor de cartões de crédito, como a First Data. Esses custos vão cair ainda mais para os lojistas;, concluiu.

A batalha entre comerciantes e setor financeiro ainda está longe de acabar. Além de uma regulação mais severa para cartões de crédito, os empresários querem mudar as taxas que são cobradas deles nas operações de débito. Segundo Roque Pellizaro, a ideia é fazer com que elas deixem de ser um percentual sobre a compra e passem a ser uma tarifa única. ;É um absurdo cobrarem um percentual em cima do valor para transferir dinheiro de uma conta para outra e o dinheiro nem chega na hora para o lojista. Demora dois dias;, criticou. ;É como se para cada cheque que alguém emitisse, fosse cobrando um percentual no valor;, comparou.

O repórter viajou a convite da CNDL

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