Agência France-Presse
postado em 29/09/2010 11:35
O governo do presidente Nicolas Sarkozy apresentou nesta quarta-feira (29/9) um rigoroso pacote de orçamento com o qual busca comprometer a França num esforço sem precedentes para reduzir seu déficit público recorde através de um corte dos gastos e uma alta de impostos.A França prometeu à União Europeia (UE) reduzir seu déficit público a 7,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010, 6% em 2011 e 3% em 2013, numa tentativa de restaurar a credibilidade da zona euro depois da crise da dívida grega.
"Vamos iniciar uma redução histórica", anunciou o ministro do Orçamento, François Baroin.
No entanto, a dívida pública continuará crescendo e passará de 82,9% do PIB este ano a 87,4% em 2012, antes de começar a cair lentamente.
Como resultado desta situação, a carga da dívida pública será em 2011 quase equivalente ao dinheiro dedicado à educação, prioridade dos gastos de Estado.
Para cumprir com seus objetivos, o governo francês aposta primeiro na recuperação econômica e espera um crescimento de 1,5% do PIB em 2010 e 2% em 2011, apesar desta última projeção ser considerada muito otimista por vários especialistas.
Quanto aos gastos (286 bilhões de euros), o plano se centrará no congelamento das derrogações do Estado e a continuação do sistema de substituição 2x1 no setor público (um novo contratado para cada dois aposentados).
Do lado dos rendimentos (271 bilhões de euros), o governo espera ganhar 9,4 bilhões de euros adicionais graças às modificações de vários "nichos fiscais", uma série de reduções de impostos cujo objetivo é ajudar a certos setores ou categorias sociais e que em 2010 representaram 115 bilhões de euros a menos nos cofres públicos.
Estes retoques, que afetam os setores dos seguros, imobiliário e telecomunicações, serão suportados 40% pelos lares e 60% pelas empresas, segundo o governo.
Na terça-feira o governo francês já havia apresentado medidas de ajuste no valor de 7,2 bilhões de euros em seu sistema de segurança social, cujo déficit busca limitar a 21,4 bilhões de euros, contra os 28,6 bilhões de passivo que poderá alcançar, segundo os especialistas.