postado em 29/09/2010 19:45
São Paulo ; A alta nos preços dos produtos alimentícios e das matérias-primas agropecuárias pressionou, em setembro, a inflação medida pelo Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M). O índice registrou variação de 1,15% este mês, ante 0,77% de agosto. Um aumento que pode chegar ao consumidor final, segundo expectativa dos técnicos da Fundação Getulio Vargas (FGV).O aumento de 0,38 ponto percentual foi, em grande parte, influenciado pela aceleração do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), um dos que compõem o IGP-M e que mede justamente a variação de preços das matérias-primas. Em setembro, o IPA teve a maior variação desde julho de 2008, fechando em 1,6%, contra 1,24% registrado no mês passado.
De acordo com relatório divulgado nesta quarta-feira (29/9) pela FGV, dentre os itens do IPA, só os de origem agropecuária subiram 4,56% em setembro ante 1,15% em agosto. Com o aumento, as matérias-primas brutas do setor superaram o patamar de preço atingido antes da crise econômica mundial, há cerca de dois anos.
;A sazonalidade, os choques de oferta e a recuperação da demanda explicam essa subida;, disse o coordenador do IGP-M, Salomão Quadros. ;Os produtos agropecuários ultrapassaram o pico de preços de antes da crise, mesmo com a economia menos aquecida que naquela época.;
Parte do aumento de preços dos produtos agrícolas, segundo Quadros, também influenciou a alta dos produtos alimentícios vendidos para o consumidor. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que também compõe o IGP-M, variou 0,34%, contra deflação de 0,27% em agosto. Só o grupo alimentação teve alta de 0,56%, contra deflação de 1,28% em agosto.
;Os preços ao consumidor podem aumentar ainda mais;, complementou Quadros. ;A alta das matérias-primas ainda deve chegar aos consumidores". Quadros, entretanto, não acredita numa aceleração ainda maior do IGP-M. Para ele, os preços das matérias-primas já atingiram um nível alto demais para a atual situação econômica e tendem a cair nos próximos meses. Com isso, o IGP-M deve desacelerar.
;Acho que o resultado deste mês não é preocupante. Se ele se repetir nos próximos meses, aí sim. Por enquanto, a inflação caminha claramente para a meta do Banco Central", disse Quadros.