postado em 30/09/2010 07:40
Apesar do aviso dado desde a semana passada sobre a paralisação dos bancários, muitos brasilienses foram pegos de surpresa ao buscar atendimento nas agências ontem. Em todo o país, 3.864 agências cerraram as portas ontem, segundo balanço parcial divulgado às 18h. A greve ocorre justamente em período de início de mês, quando os bancos recebem maior fluxo de público, devido ao pagamento de salários e quitação de contas. Só o pagamento do benefício de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) leva 27 milhões de pessoas às agências. Aqueles que estão sem o cartão ou têm dificuldades em operar as máquinas são os principais prejudicados, já que a maior parte das operações pode ser feita normalmente pelas centrais de autoatendimento ou canais alternativos.Negociações como aquisição de financiamentos, entretanto, só poderão ser feitas quando a greve acabar ou em agências onde os funcionários não tenham aderido à paralisação. A publicitária Valéria Cardoso, 41 anos, foi surpreendida com as portas da agência fechadas, e sentiu-se prejudicada com a greve. Ela ficou impedida de concluir uma transação com o gerente responsável pela conta. ;Precisava ter uma resposta até o início de outubro, mas parece que não vai dar certo;, lamentou.
Já consultor o financeiro Diógenes Alvares, 35 anos, fez algumas operações no caixa eletrônico na tarde de ontem e não terá problemas com a greve já que {costuma quitar os compromissos, fazer consultas e transferências pela internet. Entretanto, na opinião de Alvares, grande parte dos clientes bancários passará por algum transtorno. ;Enquanto a greve não alcançar os serviços on-line, fico mais tranquilo, mas sei que a maior parte da população não tem acesso à tecnologia;, disse.
Ganhos reais
No ano passado, a categoria cruzou os braços por 15 dias, mas a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf) alerta que é impossível prever por quanto tempo as agências permanecerão fechadas neste ano. A categoria reivindica reajuste de 11%, aumento do piso salarial para R$ 2 mil e medidas de combate ao assédio moral. Magnus Ribas Apostólico, diretor de relações trabalhistas da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), declarou ontem que o patronato está disposto a negociar ganhos reais, mas que jamais alcançará os 11%.
;No ano passado, foi a mesma coisa. Após 15 dias de paralisação, o reajuste foi de 6%. Este ano, concordamos em repor a inflação de 4,29%, mas na hora de negociar o aumento real os sindicatos simplesmente abandonaram as negociações para uma greve descabida.; Há seis anos consecutivos, os bancários obtêm ganhos reais nas negociações, sempre por meio do recurso à greve. ;Isso é lamentável. Dá a impressão de que eles precisam desse palco em vez de negociar;, complementou. Apostólico afirmou ainda que adotará todas as medidas legais cabíveis para garantir o acesso e o atendimento da população em agências e postos bancários.
;Os bancos respeitam o direito de greve. O que não se pode admitir são os piquetes contratados que barram o acesso da população às agências e aos postos bancários para impor uma greve abusiva, injustificada;, disse.