postado em 30/09/2010 07:55
A Comissão Europeia propôs ontem sanções semiautomáticas mais duras sobre os países da Zona do Euro que infringirem as regras fiscais da União Europeia. Ao mesmo tempo, os sindicatos organizaram greves e protestos contra as medidas de austeridade adotadas na Europa.A primeira greve geral em oito anos na Espanha interrompeu o transporte público e as atividades em algumas fábricas. A Confederação Europeia de Sindicatos disse que pelo menos 100 mil pessoas protestariam em Bruxelas, mas analistas disseram que as manifestações são muito pequenas e desarticuladas para convencer os governos endividados a não adotar as medidas de arrocho.
Sob pressão de investidores que temem outra crise como a da Grécia, a Irlanda se preparava para anunciar um projeto de resgate financeiro do Anglo Irish Bank, enquanto líderes do governo e da oposição em Portugal discutiam cortes de gastos e aumento de impostos. O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, disse que a situação de Portugal é séria e que o governo precisa ser fiel às metas fiscais. ;Portugal precisa mostrar responsabilidade;, afirmou.
O braço executivo da União Europeia delineou planos para evitar uma repetição da crise de dívida grega, obrigando os países recorrentes em infrações fiscais a depositar 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em nome da Comissão. O depósito seria convertido em multa se o país infrator não adotar medidas efetivas para diminuir o deficit orçamentário aos limites da UE. A penalidade anual seria de 0,1% do PIB até que os ministros de Finanças da UE decidam que a ação necessária já foi adotada.
As propostas ainda precisam da aprovação dos chefes de Estado da UE e do Parlamento Europeu. França e Alemanha parecem divergir sobre quão automática deve ser a aplicação das penalidades e se os políticos deveriam ter a palavra final.
Aperto
Hoje, o primeiro-ministro espanhol Zapatero apresenta ao Parlamento o seu orçamento para 2011, prometendo manter as medidas de austeridade e as reformas trabalhistas destinadas a facilitar a contratação e a demissão de funcionários pelas empresas. Contra o ajuste, os trabalhadores fizeram ontem uma greve geral de impacto limitado, embora tenha prejudicado os transportes e o funcionamento de algumas fábricas. No centro de Madri, centenas de trabalhadores agitaram bandeiras, interditaram ruas e obrigaram algumas lojas a baixar as portas. Poucos ônibus circularam na capital e metade dos trens de metrô parou. No norte do país, montadoras de veículos interromperam a produção. A demanda energética caiu 20% durante o protesto.
Apesar de todo esse clima, a confiança econômica na região aumentou em setembro.