postado em 03/10/2010 06:46
Os carros estão custando menos. Mesmo sem a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos, o setor automotivo continua aquecido e com preços em baixa. Concessionárias e marcas absorveram os impactos do fim da isenção tributária e, segundo levantamento feito pelo Correio, as cidades com os maiores recuos no valor dos automóveis foram Brasília e São Paulo. A capital federal registrou queda de 0,7% entre outubro do ano passado e setembro de 2010. Para os paulistas, o alívio no bolso foi menor, de 0,24%.Os dados são do Índice de Preços ao Consumidor Amplo ; 15 (IPCA-15), que mostram ainda que, na média nacional, o carro novo subiu 1,35% em 12 meses. Ainda assim, a inflação do período em 4,08% corrói o efeito dessa alta. Os juros em queda também se apresentam como um benefício a mais para o brasileiro. De acordo com dados do Banco Central, a taxa média paga pelas famílias recuou 4,2% no último ano até setembro.
Para Sérgio Reze, presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), quando o governo acabou com a isenção fiscal, concessionários e marcas decidiram absorver esse custo e manter os preços baixos com o objetivo de manter as vendas. Com essa estratégia somada ao crédito fácil e mais barato, no acumulado do ano até setembro a indústria automobilística bateu recorde de vendas. Até o fim de 2010, o setor espera emplacar mais de 5 milhões de veículos.
;O carro está mais barato do que há um ano. A volta do IPI não afetou em nada a procura pelos veículos. Ao contrário. Com as promoções, as empresas absorveram esses aumentos;, explicou Reze. ;Não sei dizer se os preços serão mantidos até determinado período. O consumidor deve avaliar se precisa do produto e, em caso positivo, o momento é agora, enquanto as condições estão favoráveis;, aconselhou o presidente da Fenabrave.
Na avaliação de especialistas, a despeito dos bons preços e das taxas em ritmo de desaceleração, o consumidor não pode esquecer que os juros (1)no Brasil ainda são uns dos mais caros do mundo. Se não observar bem as condições de pagamento, o cliente conseguirá uma parcela que cabe no bolso, mas, ao fim do financiamento, terá desembolsado dinheiro suficiente para comprar dois ou três carros.
1 - Leve 1, pague 2
A cada ano que passa, o brasileiro compromete cada vez mais a sua renda com dívidas. Hoje, 23,8% do salário mensal é gasto com financiamentos bancários, conforme dados Banco Central, e mais da metade desse valor (13,3%) são juros. Ao parcelar um carro popular zero quilômetro, avaliado em R$ 28,5 mil à vista, o consumidor pagará R$ 50,3 mil ao fim de 60 prestações. Ou seja, desembolsará quase 80% do valor do veículo (R$ 21, 8 mil) somente em taxas.
Condições facilitadas
O aumento dos níveis de renda, de emprego e de acesso ao crédito para as classes C, D e E está provocando mais uma rearrumação do mercado de consumo. O setor automobilístico, por exemplo, de olho nessa parcela significativa da população, está adaptando suas condições de financiamento e apresentando maneiras diferenciadas de parcelamento. O grande filão são os carros populares. São vendidos sem entrada, em 60 prestações e com juros de aproximadamente 1,4% ao mês.
De forma a aproveitar o melhor momento das vendas, com a chegada das festas de fim de ano e do 13; salário, grande parte das concessionárias passou a trabalhar com prestações que se acomodam ao bolso dos clientes. A disputa entre as empresas aumenta a cada dia e as promoções usam artifícios bem criativos. Quem acaba ganhando é o consumidor, porque a concorrência faz os preços baixarem.
Para conseguirem reduzir os preços, concessionárias e revendedoras usam o leasing, modalidade isenta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que, exatamente por isso, permite abatimentos. Usualmente, as 12 primeiras prestações são mais baixas. Depois, o valor dobra. Quem der uma entrada, pode ainda parcelar em até três vezes no cartão de crédito.