Economia

Oi lança TV por satélite em Brasília, mas preços continuam salgados

Rosana Hessel
postado em 06/10/2010 08:00
O mercado de TV paga de Brasília está mais competitivo. A Oi lançou ontem, no Distrito Federal e em Goiás, um serviço de televisão por assinatura que utiliza tecnologia de transmissão via satélite. O Oi TV, segundo a empresa, promete sacudir o mercado local com uma maciça campanha de mídia. Mas esse aumento da competição parece ainda não ser suficiente para mudar os preços hoje praticados para os pacotes básicos ofertados no mercado, pelo menos para quem não tem um telefone fixo da operadora em casa.

O preço de entrada do novo serviço é R$ 49,90 ao mês para a assinatura mensal de um pacote com 28 canais pagos, mas com a ausência de alguns abertos. Um desconto temporário reduz a conta para R$ 34,90 nos três primeiros meses do contrato. No entanto, quem não tem uma linha fixa da operadora terá que gastar mais R$ 20 mensais para acessar os canais, ou seja, pagará R$ 69,90. Atualmente, a operadora oferece o serviço em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Bahia, Sergipe e Espírito Santo.

A Oi entrou no mercado de TV por satélite em 2008, quando obteve a licença de operação e atualmente tem uma carteira de 265 mil clientes. ;A estratégia é crescer inicialmente na base de clientes de dados e voz;, informou o diretor de Tecnologia e Estratégia da Oi, Paulo Ripper. O mercado de TV por assinatura cresce em ritmo acelerado. Praticamente dobrou nos últimos quatro anos, de acordo com dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). O órgão calcula que 29,2 milhões de brasileiros têm acesso a canais de grade fechada no país. Somente no Distrito Federal, 232 mil pessoas assinam esse tipo de serviço. ;O índice de penetração da TV paga no Brasil ainda está aquém da banda larga e a base atual de clientes pode dobrar;, disse Ripper.

Fidelização
Enquanto o mercado cresce, os preços não caem na mesma proporção. Onde começou a oferecer os serviços, o preço de entrada da Oi TV, por exemplo, era de R$ 29,90. ;O serviço de TV por assinatura tem crescido e há realmente uma demanda reprimida, que precisa ser explorada. Mas é preciso mudança nas regras de telefonia para haver um real barateamento dos custos, pois hoje as operadoras de telefonia não podem transmitir TV a cabo, somente via satélite;, disse Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco. A seu ver, essa diversificação dos serviços das operadoras é garantia de fidelização do cliente e aumento da receita por assinante.

Além do DF e de Goiás, a operadora a Oi lança seu serviço em Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. A meta, segundo Ripper, é cobrir todo o Brasil até o primeiro trimestre de 2011. Até junho do ano que vem, a empresa pretende lançar um novo produto voltado para as classes C e D ; a TV por assinatura pré-paga. O Nordeste será o piloto desse novo produto.

A entrada de novos concorrentes como Oi, Telefônica e Embratel no segmento de TV por assinatura é apontada como uma das principais razões do crescimento do segmento. ;Há poucos anos, tínhamos 2 ou 3 companhias. Hoje já temos 10;, disse o presidente da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA), Alexandre Annemberg. A participação do serviço via satélite é a que mais tem crescido. Se há dois anos, a tecnologia respondia por 33,5% do mercado, hoje detém 42,8%. Em compensação, a fatia da modalidadeaà cabo encolheu de 62,4% para 53%.

Leilão da Net

A Embratel, controlada pelo grupo do mexicano Carlos Slim, pretende fazer amanhã um leilão para comprar até 100% das ações preferenciais (sem direito a voto) da Net. O preço por ação a ser pago é de R$ 23. Caso consiga a adesão de todos os acionistas, a operadora gastará R$ 4,6 bilhões com a operação, informa a Teleco. Especula-se que, com a transação, a empresa venha a fechar o capital da Net.

Demanda da classe C


O fortalecimento econômico conquistado nos últimos anos pela classe C é visto como um importante impulso para a expansão da TV por assinatura no país. Somente nas regiões Norte e Nordeste, o crescimento acumulado nos últimos 12 meses foi de 62,0% e 40,8%, respectivamente ; bem acima da média nacional de 18%. ;O maior poder aquisitivo da classe C tem fomentado esse aumento. Além disso, o recente interesse por sinal digital de alta definição fez com que muita gente aderisse à TV paga;, apontou o presidente da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA), Alexandre Annemberg.

Segundo ele, a tecnologia via satélite ; que vem puxando em grande escala o crescimento do setor ; foi beneficiada, em parte, pelas limitações que outras modalidades de serviço encontram para se expandir em solo nacional. ;Há mais de 10 anos que a Anatel não outorga nenhuma nova licença de TV a cabo para que as empresas possam fomentar ainda mais suas ofertas. Com isso, essa opção fica limitada a aproximadamente 250 municípios, enquanto o DTH alcança quase 5 mil;, disse.

Dona de 45% do mercado, o Grupo Net atualmente encabeça a lista das principais empresas do setor com 3,8 milhões de clientes. Em segundo lugar, aparece a Sky/DirecTV, com 26% de participação. A Embratel, com 8%, e a Telefônica, com 6%, vêm logo em seguida. Já a Oi, com 344 mil assinantes, responde por apenas 4% do mercado. (RH e FB)

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