Economia

FMI revisa para cima previsão de crescimento econômico do Brasil

postado em 06/10/2010 11:13
Mais uma vez, o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para cima a previsão de crescimento da economia brasileira e citou a possibilidade de superaquecimento. O relatório World Economic Outlook (Perspectivas da Economia Mundial), divulgado nesta quarta-feira (6/10), indica que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro vai crescer 7,5% em 2010 - um aumento de 0,4 ponto percentual sobre a projeção anterior, feita em julho.

As informações são da agência BBC Brasil. A previsão do fundo é semelhante à feita pelo mercado. O último boletim Focus (levantamento divulgado semanalmente pelo Banco Central com base em consultas ao mercado), publicado nesta terça, previa avanço de 7,55% no PIB do país.

A estimativa está um pouco acima do que prevê o Banco Central - um crescimento de 7,3%. Esse aumento está acima da média mundial (4,8%) e da América Latina (5,7%). Segundo o FMI, o avanço na América Latina vem sendo impulsionado pela melhora nas políticas macroeconômicas dos países da região nas duas últimas décadas.

Superaquecimento
Outros fatores, como os altos preços das commodities (base das exportações de muitos desses países), também têm impacto sobre o crescimento da economia. Segundo o FMI, a América Latina está deixando a crise para trás em uma velocidade mais rápida do que o esperado, e a recuperação vem sendo liderada pelo Brasil, onde, diz o relatório, ;a economia está agora dando sinais de superaquecimento;.

O risco de superaquecimento (crescimento da economia acima de sua capacidade) foi mencionado em dois relatórios anteriores. No de abril, o FMI previa crescimento de 5,5% em 2010 e alertava para ;risco de superaquecimento em países como o Brasil;.

Em julho, no documento do FMI, o Brasil não era citado especificamente, mas o fundo novamente citava a possibilidade de superaquecimento ao mencionar os riscos oferecidos por medidas de ajuste fiscal nas economias avançadas.

De acordo com o relatório, o risco de superaquecimento em países da América Latina é particularmente presente nos casos em que a retirada das medidas de estímulo adotadas no auge da crise econômica leve mais tempo do que o previsto.

O governo brasileiro já disse repetidas vezes que toma todas as medidas necessárias para evitar um superaquecimento da economia. Para o próximo ano, o fundo prevê uma desaceleração na economia brasileira, com crescimento de 4,1%. A estimativa é 0,1 ponto percentual menor do que a de julho e um pouco abaixo dos 4,5% previstos pelo mercado.

A previsão para os países emergentes contrasta com o quadro das economias avançadas, que devem crescer 2,7% em 2010 e 2,2% em 2011, segundo o FMI. De acordo com o fundo, na maioria das economias avançadas ; e também em alguns países emergentes ; a recuperação pós-crise vem ocorrendo a um ritmo lento, e o desemprego ainda representa grande desafio.

O FMI recomenda que os países adotem medidas para reequilibrar suas economias e, assim, garantir uma recuperação ;saudável e sustentada;. As medidas internas sugeridas para as economias avançadas incluem o estímulo ao aumento da demanda privada e a consolidação fiscal (aumento de impostos e corte de gastos).

Na área externa está o aumento das exportações para países como os Estados Unidos, que dependiam muito do mercado interno, e o aumento da demanda doméstica em países como a China, que, ao contrário, dependiam excessivamente de exportações.

O FMI diz ainda que os bancos centrais devem manter suas políticas monetárias (redução de taxas de juros) ;onde quer que a demanda privada esteja fraca;. Adverte, porém, que não há muito mais a fazer. Em muitos países, como os Estados Unidos, a taxa de juros já está próxima de zero, deixando pouco espaço para esse tipo de manobra.

O fundo afirma que os governos devem levar adiante as reformas no setor financeiro e criar planos de médio prazo que possibilitem a estabilização e a redução de suas dívidas. No primeiro semestre deste ano, muitas economias avançadas, especialmente na zona do euro, foram atingidas por uma crise provocada por altos níveis de dívida pública e déficit em seus orçamentos.

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