Economia

Calote do consumidor brasileiro sobe, mas não evita ida às compras

Lojistas ignoram a elevação da inadimplência e projetam expansão das vendas em até 11% neste ano. Desempenho será baseado no salto da renda, do emprego e do crédito

postado em 08/10/2010 08:00


Faturamento caiu 4,65%, movimento considerado normal num mês sem nenhuma data especialA inadimplência do consumidor brasileiro cresceu 1,77% em setembro, mas não diminuiu o otimismo do comércio, segundo a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). O setor espera crescimento entre 10% e 11% no faturamento e nem a retomada da inflação deve interferir no bom desempenho deste ano.

;Os números estão extremamente consistentes e continuam apoiados no emprego, no incremento da renda e no crédito;, resumiu o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior. Na sua avaliação, mesmo o avanço do calote pode ser atribuído à expansão das vendas, que estão 8,18% superiores no acumulado até setembro.

Outro fator que reforça as boas perspectivas dos lojistas é o aumento na quantidade de pessoas que buscam o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) para limpar seu nome. No ano, esse grupo de consumidores aumentou 6,08%. ;O salto nas vendas, somado aos cancelamentos de registros no SPC, nos leva a crer que, no fim do ano, veremos um número maior de compradores a prazo em relação ao que tivemos no ano passado;, previu Pellizzaro.

A grande quantidade de recursos disponíveis na economia, proveniente do crescimento do emprego e da renda, é auxiliada ainda por alguns eventos comuns nesta época do ano, como a antecipação de parte do 13; salário, que a Previdência Social começa a pagar a seus beneficiários. ;Essas outras fontes de rendimento garantem um bom volume de dinheiro disponível. Não há cenário melhor para o comércio;, afirmou Alexandre Andrade, economista da Tendências Consultoria.

Além do dinheiro no bolso, o consumidor ainda tem um outro canal para as compras: o financiamento disponível no varejo. De acordo com o Banco Central, o crédito para as pessoas físicas, em agosto, cresceu 1,7%, chegando a R$ 519 bilhões. As taxas médias do mesmo segmento caíram de 40,5% para 39,9% ao ano. ;Os dados mostram que a trajetória de alongamento de prazos e de queda de juros se mantém, apesar do aumento da taxa Selic feito pelo BC entre abril e julho;, ressaltou. Os encargos, segundo ele, devem continuar nesse rumo até o fim do ano.

Riscos
O economista destacou que a expansão de crédito não oferece riscos ao sistema financeiro e tem condições de ser absorvida pela economia. ;Os financiamentos que mais crescem são aqueles que têm menor risco para os bancos, como o consignado, o direcionado para automóveis e o imobiliário;, apontou.

Entre agosto e setembro, as vendas no varejo caíram 4,65%, movimento considerado normal pelos comerciantes. ;Há um comprometimento maior no Dia dos Pais e, como o mês de setembro não tem nenhuma data que estimule o consumo, é natural que haja uma pequena redução nesse período;, destacou Pellizzaro.

O número
R$ 519 bilhões
Estoque de financiamentos no país, segundo o BC

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