Economia

Inflação já sente o impacto da desvalorização cambial d dólar no Brasil

Derretimento da divisa americana causa desaceleração em preços do atacado, com destaque para produtos metalúrgicos e siderúrgicos

postado em 09/10/2010 08:00


A desvalorização cambial começou a mostrar seus efeitos sobre a inflação no Brasil. O Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI), sob influência do dólar baixo, exibiu desaceleração de preços de vários produtos comercializados no atacado. Em direção distinta aos índices internos(1), que fecharam setembro em alta acentuada sobre agosto, o indicador influenciado pela divisa americana encerrou o mês passado com mesmo avanço do mês anterior, 1,1%. Os efeitos do derretimento da divisa americana foi sentido na deflação de 1,84% nos preços da metalurgia básica e de 2,48% nos produtos siderúrgicos.

;Dentro do setor siderúrgico, a situação de quedas de preços é praticamente geral. Essa influência do dólar baixo tende a crescer nos próximos meses, no sentido de suavizar a trajetória de inflação. Assim o câmbio volta a ter um papel mais relevante no cenário de formação de preços;, avaliou Salomão Quadros, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), responsável pelo IGP-DI. ;O câmbio que andou comportado para a inflação nos últimos meses vai ser muito falado daqui para a frente;, previu.

Em setembro, os bens duráveis no atacado também aprofundaram a deflação de 0,12% para 0,30%, o que já pode ser um reflexo da queda do dólar. Entre os exemplos citados estão as mudanças nas trajetórias de preços, de agosto para setembro, em vergalhões de aço (de -0,44% para -2,28%), bobinas a quente de aço ao carbono (de 1,97% para -3,93%), bobinas ou chapas de aço inoxidável (-5,25% para -7,45%) e arames de aço ao carbono (de 0,06% para -4,10%), informa a FGV. O câmbio também ajudou a mudar a trajetória de preços de materiais para manufatura, cujos valores pararam de subir (de 0,91% para -0,10%) de agosto para setembro. O segmento é fornecedor de insumos para a indústria.

Commodities
Quadros chamou atenção, no entanto, que esse movimento de dólar mais fraco foi acompanhado também de uma perda de força nos aumentos de preços das commodities industriais no mercado internacional. ;Com o dólar baixo e quedas nos preços de agosto para setembro, como a celulose (de -1,27% para -4,73%), por exemplo, os preços dos materiais para manufatura mostraram queda;, resumiu.

O economista acrescentou que a mudança na trajetória de preços de minério de ferro (de 11,42% para -2,14%) ajudou a derrubar a inflação industrial atacadista (de 1,40% para 0,31%) de agosto para setembro. ;Os preços do minério tinham passado por um reajuste de preços trimestral, que agora já foi captado pelo indicador;, lembrou. ;Além disso, o preço do minério também é dolarizado;, acrescentou. Ele explicou que o dólar baixo também contribuiu para a queda no preço do produto em setembro.

Escalada
Mais uma vez pressionado pelos alimentos, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, disparou 0,45% em setembro, depois de atravessar três meses praticamente na lona. Na lista apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os produtos que mais subiram em Brasília ; onde o custo de vida mais se elevou ; foram o feijão-carioquinha (56,9%), as carnes de gado (14,93%) e as frutas (13,18%)

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