Economia

Mantega: FMI não tira lições do fluxo de capitais para países emergentes

Agência France-Presse
postado em 09/10/2010 18:05

WASHINGTON - O Fundo Monetário Internacional (FMI) não está tirando nenhuma lição dos grandes fluxos de capitais para os países emergentes que ameaçam o equilíbrio econômico mundial. A afirmação foi feita neste sábado (9/10) pelo ministro da fazenda do Brasil, Guido Mantega.

Se os fluxos de investimento dos Estados Unidos, da União Europeia, do Japão e Reino Unido mudassem de direção em apenas 1%, isso representaria uma entrada de capitais adicional para os países emergentes de até 485 bilhões de dólares, segundo cálculos do Fundo citados por Mantega.

"Apesar de reconhecer isso, o Fundo ainda se mostra reticente em tirar conclusões práticas de suas análises sobre esse tema", declarou Mantega em seu discurso para o Comitê Financeiro e Monetário do Fundo.

"A experiência demonstra que os fluxos livres de capitais não são necessariamente uma opção preferível para os países emergentes", prosseguiu Mantega, que também representava Colômbia, República Dominicana, Equador, Panamá e países caribenhos. "Recomendações pragmáticas sobre como limitar fluxos em curto prazo deveriam se destaque em nossas deliberações", ressaltou o ministro.

Para ele, diante desta volatibilidade, os países emergentes continuarão acumulando reservas e pondo obstáculos para limitar os desequilíbrios.

A recente decisão do governo japonês de intervir nos mercados cambiários para enfraquecer sua moeda, o iene, levou Mantega a assinalar a possibilidade de uma "guerra cambial ", segundo ele mesmo lembrou. "O ideal é que fôssemos capazes de cooperar ", afirmou.


Os países membros do FMI pediram à instituição neste sábado que aprofunde seu trabalho sobre os desequilíbrios cambiários mundiais e evite assim a chamada "guerra cambial".

Depois das advertências do ministro de Mantega de que essa guerra já está ocorrendo, o Fundo recebeu o encargo de também vigiar este aspecto da economia que está prejudicando inúmeros países emergentes.

Apesar de resistente, o sistema monetário mundial apresenta "tensões e vulnerabilidades, frutos do crescimento dos desequilíbrios mundiais, do persistente fluxo volátil de capitais, movimentos das taxas de câmbio e temas relacionados ao acúmulo de reservas". A afirmação consta em comunicado em nome dos 187 Estados-membros.

"Apesar dos países membros terem sido muito expressivos sobre a necessidade de controles monetários ou controle dos fluxos, por fim se dirigem ao Fundo e perguntam: o que podemos fazer?;", afirmou o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn.

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