Economia

Tesouro americano defende mais rigor do FMI com políticas cambiais

postado em 10/10/2010 12:32
O Fundo Monetário Internacional (FMI) precisa supervisionar com mais rigor as políticas cambiais dos países. Além disso, as grandes economias emergentes devem adotar um regime cambial mais flexível, permitindo que as moedas flutuem em vez de recorrerem a desvalorizações artificiais. A afirmação é do secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner.

"É crucial ver mais progresso por parte das principais economias emergentes rumo a uma taxa de câmbio mais flexível", disse o secretário, de acordo com a BBC Brasil. Ele participou da reunião do Comitê Monetário e Financeiro Internacional (IMFC, na sigla em inglês), que se encerrou ontem (9/10), em Washington.

Geithner não citou a China, mas o pronunciamento foi interpretado como um recado ao país asiático, acusado de manter sua moeda, o yuan, artificialmente desvalorizada em relação ao dólar, o que beneficia as exportações chinesas. "Isso é especialmente importante para aqueles países cujas moedas estão muito desvalorizadas", disse.

O secretário defendeu ainda uma reforma no sistema monetário internacional, de forma a fortalecer a supervisão pelo FMI das políticas cambiais e das práticas de acúmulo de reservas. Segundo Geithner, o excesso de acumulo de reservas em escala global está levando a graves distorções no sistema financeiro e monetário internacional.

Atualmente, as reservas internacionais da China estão próximas de US$ 2,5 trilhões. O país lidera a política de acúmulo de reservas, principalmente por meio da compra de títulos do Tesouro norte-americano.

Para Geithner, a manutenção da desvalorização da moeda por vários países emergentes pode pôr em risco o crescimento econômico mundial, à medida que os Estados Unidos estão importando menos por causa da crise econômica. "À medida que os Estados Unidos economizam mais, países que dependem demais de exportações para crescer terão de mudar suas políticas, ou o crescimento global vai perder ritmo e todos nós seremos prejudicados", advertiu.

O representante chinês na reunião do IMFC, Zhou Xiaochuan, rebateu também indiretamente as críticas feitas a seu país. Ele afirmou que, nos oito primeiros meses deste ano, o superávit da balança comercial chinesa caiu 14,7% em relação ao mesmo período de 2009 e o ritmo de crescimento de reservas diminuiu.

Segundo Xiaochuan, a moeda chinesa teve apreciação moderada nos últimos meses e a saúde do sistema financeiro permaneceu estável. Ele afirmou ainda que os principais problemas no momento são o lento progresso dos países desenvolvidos em reparar e reformar seus sistemas financeiros, afetados pela crise mundial. O representante chinês pediu que as nações avançadas façam reformas fiscais para conter a explosão das dívidas públicas.

O encontro do Comitê Monetário e Financeiro Internacional reuniu ministros das Finanças e da Economia de 24 países, inclusive o Brasil. O IMFC tem o papel de assessorar o FMI e recomendar a adoção de políticas.

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