Jornal Correio Braziliense

Economia

Próximo presidente redefinirá vocação do Bolsa Família, avalia economista

Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB) poderão ter de mexer na principal ação social do governo Lula: o Programa Bolsa Família. A avaliação é de Serguei Soares, doutor em economia e especialista da área social do Instituto Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo ele, saber qual a vocação do programa: fazer a proteção social dos mais pobres ou gerar oportunidades para superação da pobreza, deverá entrar na agenda do próximo governo.

;As duas coisas são incompatíveis;, acredita Serguei e ;exigem abordagens diferentes para públicos diferentes;. Conforme o analista, a proteção social deve ser uma ação ativa do Estado sem a exigência de contrapartidas, isso porque ;os pobres não são pobres à-toa. As famílias mais pobres são as mais vulneráveis e desestruturadas, têm mil e um problemas, alguns conhecemos e outros nem imaginamos;.

Na avaliação de Serguei Soares, além dessa demanda há setores na sociedade que esperam que ;o Bolsa Família, como se diz na sabedoria popular, não dê o peixe, mas ensine a pescar;. Isso significa orientar o programa ;não para o mais pobre entre os pobres, mas para aquele cidadão que com alguma ajuda decola e sai da linha de pobreza;, disse se referindo à oferta de mais microcrédito e de treinamento profissional, por exemplo. ;Se é um programa de proteção social, ninguém deve cobrar porta de saída. É para todos, é universal;, diferencia. O economista aposta que a escolha, ;que não é urgente;, será dispor dos dois instrumentos.

Para ele, o programa é ;bem gerido; e tem ;sucesso inquestionável;. O Bolsa Família ;é tão bem pensado que a gente pergunta porque se demorou tanto a descobrir uma coisa óbvia: se alguém é pobre a solução é dar dinheiro para esse alguém!”, afirmou ao comentar que é o êxito do programa que leva ao impasse sobre o qual o próximo governo decidirá.

Atualmente, o Bolsa Família atende a 12,7 milhões de famílias e faz a transferência direta de renda com condicionalidades básicas: a frequência escolar, cartão de vacinação em dia; e realização do acompanhamento pré-natal pelas gestantes. O programa deverá transferir este ano R$ 13,1 bilhões. Durante o 1; turno o Bolsa Família foi mencionado de forma elogiosas pela maioria dos candidatos, que inclusive prometiam a ampliação do programa.