postado em 12/10/2010 15:52
O ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, pediu nesta terça-feira que líderes do G20 cheguem a um acordo em sua próxima reunião na Coreia do Sul para pôr fim à "guerra cambial" e evitar uma batalha comercial e o protecionismo.Mantega ressaltou que no encontro semestral do FMI do final de semana passado pediu "que, na reunião do G20 que será realizada em Seul, os líderes possam discutir essa questão cambial e tentar algum tipo de acordo para organizar esta disputa, que, no final das contas, é uma disputa comercial".
O ministro brasileiro causou polêmica ao criar o termo "guerra cambial" para descrever os conflitos que geram os desequilíbrios cambiais no mundo.
Enquanto alguns países asiáticos mantêm suas moedas desvalorizadas, outros emergentes, como o Brasil, registraram uma forte valorização de sua unidade monetária que prejudica suas economias.
Se uma estratégia coordenada falhar, cada país defenderá seus interesses e "corremos o risco de ter um protecionismo comercial e restrições para o livre fluxo de capitais", disse Mantega durante um evento no centro de análises Conselho das Américas.
Durante a reunião do FMI em Washington, os países não chegaram a um acordo sobre a "guerra cambial" e decidiram manter as discussões, mas nações como a Coreia do Sul, anfitriã da cúpula do G20, ressaltaram a necessidade de se chegar a um acordo na reunião de novembro.
Mantega disse que entende que países como Estados Unidos e alguns europeus tenham dificuldades para implementar políticas fiscais que impulsionem a demanda interna, o que, a seu ver, é a melhor maneira de fomentar a recuperação dos países desenvolvidos, muito mais limitada do que nos emergentes.
"Estamos fazendo a nossa parte, colaborando com a recuperação mundial", disse Mantega.
O ministro disse que um dos desafios do próximo governo brasileiro é evitar "que haja um abuso da valorização" do real.
Frente à possibilidade de novas medidas para enfrentar os grandes fluxos de capitais e a valorização do real, Mantega disse que, no momento, seu país deve avaliar a repercussão do recente aumento de 4% da taxa cobrada para operações de estrangeiros no mercado de renda fixa local.
O ministro minimizou as críticas feitas às medidas de Brasília para evitar a valorização excessiva do real. "O Brasil tem as menores restrições à entrada de capital das grandes economias emergentes", afirmou.