postado em 13/10/2010 09:38
Manter a segurança social e a sensação de bem-estar de seus idosos deverá se tornar uma tarefa insustentável para a maioria das economias nos próximos 40 anos. Neste período, o peso do pagamento de aposentadorias e benefícios na dívida pública deve crescer a níveis superiores a 300% do Produto Interno Bruto (PIB) dos países desenvolvidos e emergentes, caso não sejam tomadas medidas para reformar os sistemas previdenciários. O alerta consta de um estudo realizado pela agência classificadora de risco Standard & Poor;s (S), no qual se estima que o envelhecimento da população, aliado ao aumento na expectativa de vida, deverá mudar drasticamente a perspectiva de expansão econômica mundial e aumentar as pressões sobre os orçamentos públicos.Sem ajustes nos sistemas de saúde e previdência, a cobertura dos benefícios vai elevar a dívida pública líquida, em média, para patamar equivalente a 50% do PIB até 2020. No anos 2030, este peso chegará a 90% e, até 2050, acelerará para mais de 260% de tudo o que for produzido de riqueza. Nas economias desenvolvidas, que combinam atualmente crescimento econômico mais moderado e população mais velha, este processo deverá ser mais severo, com a carga de pagamento de benefícios elevando a dívida pública, em 40 anos, a 329% do PIB, ante 126% dos emergentes. ;Nenhuma outra força deverá ter maior impacto na definição do futuro da saúde econômica, das finanças públicas e das políticas nacionais do que a irreversível taxa de crescimento da população idosa no mundo;, resumiu o analista de crédito da S Marko Mrsnik.
Deterioração
A urgência dos países desenvolvidos em reformar seus sistemas previdenciários cresce rapidamente, na mesma medida em que explodem os protestos contra as mudanças. Na França, desde setembro os trabalhadores realizam greves e saem às ruas para gritar contra a proposta de se aumentar a idade mínima para aposentadoria de 60 para 62 anos ; ontem, as ruas de Paris forma tomadas pela população.
Como os números presentes no estudo consideram um cenário no qual nada é alterado pelos governantes, a própria S destaca que é pouco provável que a deterioração das contas públicas destes países chegue a níveis tão alarmantes. ;No entanto, o retrato atual revela a magnitude da tarefa que os governos vão enfrentar para reduzir os benefícios concedidos pelos sistemas de seguridade social deficitários geridos pelo Estado ou para atingirem maior aperto fiscal;, apontou Mrsnik.
De acordo com a S, as medidas já adotadas este ano por algumas economias na Europa ; como a redução de salários e gastos com auxílio-saúde ; são positivas, mas modestas ante os riscos orçamentários. ;Para conter as ameaças do envelhecimento populacional, vários países desenvolvidos têm realizado reformas nos seus sistemas. No entanto o impacto projetado no orçamento será de tal magnitude que demandará,
em nossa visão, esforços adicionais;, concluiu o analista.
Incompatíveis
A discussão mais imediata a ser definida na questão da Previdência no Brasil é a permanência do fator previdenciário, mecanismo que considera a idade do contribuinte e a expectativa de vida no país no momento da aposentadoria para calcular os benefícios. O sistema é alvo de críticas porque reduz o valor dos benefícios pagos quanto mais jovem for o contribuinte que pretende se aposentar. Para o governo, retirar o mecanismo significa arcar com uma conta maior no INSS.