Economia

Debilidade do dólar aviva medo de "guerra cambial"

Agência France-Presse
postado em 15/10/2010 15:36
Londres - A "guerra cambial" em escala mundial entrou nesta sexta-feira (15/10) em uma nova fase com o anúncio de uma reunião de representantes de bancos centrais na próxima segunda-feira em Xangai (China), após mais uma mostra de debilidade do dólar, vítima das declarações do presidente do Fed.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou nesta sexta-feira a reunião, após o convite do Banco Central da China, como parte dos esforços para estabilizar o sistema monetário mundial.

Pouco antes, o presidente do Federal Reserve (Fed), Ben Bernake, reconheceu que o risco de deflação era "superior ao desejável", alimentando especulações sobre novas medidas de apoio à crítica economia norte-americana, o que contribuiu para a queda do dólar.

Assim, o euro chegou a valer US$ 1,4159 às 12h15 GMT (9h15 de Brasília), nível mais alto desde 26 de janeiro, ainda que posteriormente tenha retrocedido (às 16h GMT) para US$ 1,4019, contra US$ 1,4083 nessa quinta-feira à noite.

A moeda americana precisou enfrentar ataques por todos os lados, inclusive negociado na paridade com o dólar australiano pela primeira vez desde o fim de 1983, além de chegar ao nível mais baixo nos últimos 15 anos em relação à moeda japonesa (US$ 1 a 80 ienes às 12h20 GMT).

O dia já havia começado tenso após o Japão expressar inquietação pela força do iene e da China pedir para Washington deixar de utilizar o iuane como "bode expiatório".

A uma semana da reunião dos ministros das Finanças do G20 na cidade sul-coreana de Gyenongju e antes de uma conferência do grupo prevista para os dias 11 e 12 de novembro em Seul, aumenta a preocupação sobre as consequências de uma guerra cambial na qual cada país faria tudo para desvalorizar a moeda com o objetivo de dinamizar a economia em detrimento das demais.

O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, se declarou nesta sexta-feira "muito preocupado" pela força do iene, que marca os maiores valores frente ao dólar em 15 anos, o que prejudica as exportações japonesas.

O governo chinês advertiu que a taxa de câmbio do iuane não deve ser o "bode expiatório dos problemas internos americanos", horas antes da publicação de um informe semestral do departamento do Tesouro americano que poderia acusar Pequim de manipular a moeda.

No mês passado, o secretário americano do Tesouro, Timothy Geithner, acusou as autoridades chinesas de intervirem "de forma massiva para limitar a pressão à alta, sobre a moeda, das forças do mercado". Posteriormente, entretanto, expressou confiança de que os chineses deixem que o iuane se valorize gradualmente.

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