postado em 16/10/2010 07:40
No segundo dia consecutivo de calmaria no mercado brasileiro de câmbio, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o governo não deve se apressar e pensar em iniciativas adicionais para segurar a tendência de valorização do real. Ontem, o dólar fechou cotado em R$ 1,665, subindo 0,18%. Apesar de pregar paciência, Mantega não descartou a adoção de novas ações. "Nós não vamos nos precipitar. Vamos ver se [a taxa] dá uma acalmada espontânea. Se não acontecer, tomaremos mais medidas", assegurou. O avanço do dólar no Brasil foi reflexo de sua recomposição diante de outras moedas, segundo o economista-sênior do Banco BES Investimento, Flávio Serrano. "Em relação ao euro, o dólar ganhou um pouco de valor e o nosso mercado acompanhou essa alta em menor proporção. Foi uma correção técnica, depois de várias quedas sucessivas", considerou. Mesmo com a recuperação dos últimos dois dias, a moeda norte-americana fechou a semana com queda de 0,11%.
Ingresso
A valorização do real, persistente há quase dois meses, foi atribuída por Mantega ao ingresso expressivo de recursos estrangeiros, atraídos pela capitalização da Petrobras. O ministro ressaltou que o fluxo já caiu em outubro. "Em setembro, foi uma soma extraordinária, mas a entrada já diminuiu em outubro", destacou. No mês passado, o resultado entre a chegada e a saída de dólares do país somou US$ 16,7 bilhões, valor que caiu para US$ 3,2 bilhões na primeira semana do mês.
Mais cedo, o ministro afirmou ao canal de TV por assinatura Globonews que a principal preocupação agora é o segmento financeiro futuro. "Temos uma atenção especial porque, nesse mercado, um investidor pode movimentar grandes volumes com uma aplicação inicial pequena. Monitoramos os derivativos, até porque tivemos problemas com eles durante a crise", relatou.
Segundo ele, o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que incide em investimentos estrangeiros na bolsa de valores e em renda fixa, não pode incidir nas operações do mercado futuro, mas há outras formas de agir. "Você pode impor limites de exposição, exigir garantias. Não se preocupem, porque temos as armas necessárias", garantiu.
Para Serrano, promessas de intervenção têm pouca eficácia. "O mercado já trabalha com a possibilidade de o Fundo Soberano comprar dólares e de virem novas medidas", considerou.