postado em 16/10/2010 08:05
Um inquérito conduzido pela Polícia Federal responsabilizou 55 candidatos pela fraude no concurso para agente, aplicado no ano passado. Eles foram eliminados do certame. A investigação é o novo passo da Operação Tormenta, que desarticulou uma quadrilha que lucrava com a venda das respostas para seleções de diversos órgãos por até R$ 20 mil. A conclusão é que os candidatos tiveram acesso privilegiado ao gabarito. Além de excluídos na esfera administrativa, os acusados responderão a processo criminal na Justiça Federal, em Santos (SP), por estelionato, receptação e formação de quadrilha. As penas variam de um a cinco anos de prisão.O concurso da PF é apenas uma parte das investigações da Operação Tormenta. No início de agosto, outras 30 pessoas foram indiciadas e dois mandados de prisão emitidos por golpes no exame para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), aplicado em fevereiro. Também estão sob análise da PF irregularidades nos concursos da Receita Federal (1994), da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac, 2009) e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin, 2008). De acordo com a polícia, passa de 250 o número de pessoas ouvidas e mais de 100 foram indiciadas.
Recurso
Conforme o edital de eliminação dos candidatos ao concurso de agente da PF, publicado no site do Centro de Seleção e Promoção de Eventos (Cespe), organizador do certame, os 49 eliminados ontem têm até segunda-feira para recorrer da decisão. Além deles, outros seis já haviam sido afastados no início da operação, quando estavam na fase de treinamento na academia de polícia. Desde o início das investigações, 13 pessoas foram presas, mas apenas nove permanecem sob custódia, incluindo um policial rodoviário federal.
Há possibilidade de novas prisões nas próximas semanas, já que devem ser finalizados também os inquéritos dos concursos para a Abin e a Anac. Com relação ao certame para a Receita Federal, os indícios são de que 41 pessoas tiveram acesso ao gabarito. Suspeita-se que candidatos envolvidos nas fraudes tenham tomado posse. De acordo com a PF, o grupo atuava por meio de aliciamento de pessoas que tinham acesso ao caderno de questões, para acesso antecipado às provas, repasse de respostas por ponto eletrônico e indicação de uma terceira pessoa para responder os testes no lugar do candidato.
Os criminosos faziam ainda falsificação de documentos e diplomas exigidos nos concursos quando o candidato não possuía a formação exigida. A PF iniciou as investigações após constatar indícios de irregularidade durante a averiguação social dos pretendentes em uma das fases do concurso para agente. A partir daí, descobriu que a quadrilha atuava em todo o país.