Economia

Presidente do BC dos EUA admite que o país continua no atoleiro

postado em 16/10/2010 08:15
Washington ; O Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, poderá adotar novas medidas para estimular a maior economia do mundo, que continua no atoleiro, apesar de todos os estímulos fiscais e monetários que recebeu desde setembro de 2008, quando estourou a bolha imobiliária. Foi o que deixou claro ontem o presidente da instituição, Ben Bernanke, que se mostrou muito preocupado com um risco de deflação (queda de preços) "superior ao desejável".

Na avaliação de Bernanke, se a economia norte-americana continuar patinando, o desemprego, que já está em níveis recordes ; próximos de 10% ;, tenderá a se elevar ainda mais, o que tornou o tema "um motivo central de preocupação". A seu ver, levando em conta a missão do Fed, de assegurar o pleno emprego e a estabilidade dos preços, ;tudo leva a crer que há motivos de sobra para uma ação maior; voltada para sustentar a economia dos EUA.

Para o presidente do Fed, "embora o crescimento econômico norte-americano possa mostrar-se um pouco mais sólido em 2011 em relação aos tempos atuais, não é desejável um processo de deflação dos preços, um sintoma de debilidade da produção e do consumo. Ele destacou ainda que a "taxa de desemprego será reduzida muito lentamente, uma perspectiva que representa grande preocupação". É que, diante da estimativa de mais fechamentos de postos de trabalho, os consumidores botam o pé no freio, empurrando mais rapidamente a economia para o buraco.

Aço taxado
As declarações de Bernanke provocaram receio mundo afora, pois, com o Fed dando mais estímulos à economia norte-americana, o dólar tenderá a manter seu processo de derretimento, agravando a guerra cambial que têm levado a distorções no comércio internacional e à supervalorização de moedas de países emergentes, como o Brasil.

Essa guerra, por sinal, levou o departamento do Tesouro dos EUA a adiar a publicação de um polêmico informe sobre a política cambial da China até depois da reunião do G-20, o grupo dos 20 países desenvolvidos e emergentes, que se realizará na Coreia do Sul, em novembro.

Já o Congresso americano aprovou, ontem, o aumento de várias tarifas sobre a importação de aço da China, como forma de compensar subsídios governamentais e outras práticas desleais. Há a possibilidade de novas sanções virem nos próximos dias, caso a China seja acusada oficialmente de manipular a sua divisa, o iuan, mantendo-a desvalorizada para favorecer suas exportações.

A administração do presidente Barack Obama, no entanto, mostra prudência. O secretário do Tesouro, Timothy Geithner, reiterou, na última terça-feira, a confiança de que a China permita uma valorização progressiva da moeda.

Derretimento mundo afora

A guerra cambial no mundial entrou ontem em uma nova fase com o anúncio de uma reunião de representantes de bancos centrais na próxima segunda-feira em Xangai (China), diante de mais uma mostra de debilidade do dólar, que voltou a cair planeta afora. O encontro será liderado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), apontado como um dos principais fóruns de discussão para a mais recente encrenca mundial. Depois de o presidente do Federal Reserve (Fed), Ben Bernake, reconhecer que o risco de deflação nos Estados Unidos era ;superior ao desejável;, o dólar recuou frente ao euro, chegou a ser negociado pela primeira vez de 1983, na paridade de um para um com o dólar australiano e cravou o menor nível dos 15 anos em relação à moeda japonesa (um dólar a 80 ienes).

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