postado em 17/10/2010 09:03
Com o mundo em frangalhos e as multinacionais acumulando prejuízos no exterior, o Brasil tem sido o contraponto da tônica do desespero. Aqui, as filiais de grandes empresas dão lucros e dividendos. Na crise, as remessas para as matrizes garantiram que gigantes não fossem à bancarrota ; entre 2008 e agosto deste ano, foram US$ 78,2 bilhões revertidos para as sedes. Em 2010, o Banco Central estima que os envios batam recorde e, em quatro anos (incluindo 2011) somem US$ 127 bilhões.Diante do cenário favorável, quem saiu do país quer voltar. É o caso do Banco UBS, que, em maio de 2006, comprou o brasileiro Pactual e, em abril de 2009, revendeu a instituição carioca aos antigos donos. Este ano, a maior instituição suíça retornou ao solo verde-amarelo, comprando a Corretora Link Investimentos.
Com tantos olhos voltados para cá, o país está recebendo não só uma enxurrada de hot money, o dinheiro de especuladores que buscam o elevado retorno dos títulos públicos. Os investimentos estrangeiros diretos estão bombando neste ano e, de acordo com dados do Banco Central, de janeiro a agosto o país recebeu US$ 24,3 bilhões para serem aplicados no setor produtivo ; o montante é 38,8% maior que o registrado em igual período do ano passado.
O governo suíço incentiva fortemente os seus empresários a buscarem o Brasil. Com uma economia madura e uma população idosa, a Suíça precisa de novos mercados para expandir produção e vendas. Apenas em 2010, mandou para cá US$ 5 bilhões e já tem instaladas no país mais de 300 empresas, que empregam 105 mil pessoas. ;As grandes empresas sempre fizeram negócio por aqui. O que temos observado é que as menores, que nunca pensaram em investir fora da Europa, estão descobrindo o Brasil como mercado;, diz o diretor-executivo da Câmara de Comércio Suíço-Brasileira (Swisscam Brasil), Stephan Buser.
O foco da maior parte desse dinheiro que chega como investimento direto está na indústria. Segundo dados do BC, mais da metade dos recursos que entraram no país como aplicação para o setor produtivo foi para os setores de químicos, petróleo, minerais não metálicos e alimentação. Depois do segmento industrial, os estrangeiros estão de olho na aquecida área de serviços. Em 2010, US$ 7,9 bilhões foram investidos em empresas de comércio, serviços financeiros, atividades imobiliárias, transporte, telecomunicações, construção de edifícios e educação.
Para Homero Guizzo, economista da Consultoria LCA, até 2020, o Brasil estará no G-5, grupo das cinco maiores economias do planeta. Segundo ele, a China ocupará a primeira posição. Mas analistas ponderam que a distribuição de renda no Brasil é mais intensa que a chinesa e que, por isso, o país latino-americano é tão interessante quanto o asiático.