Economia

Copom deve manter taxa básica da economia em 10,75% ao ano

postado em 19/10/2010 07:23

O Banco Central dá início hoje à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), pressionado pelo pessimismo dos analistas em relação aos rumos da inflação. Segundo o relatório Focus, divulgado pela instituição, os quase cem analistas ouvidos semanalmente elevaram, de 4,98% para 4,99%, a projeção para 2011 do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado como referência para o sistema de metas do governo. Foi a segunda semana consecutiva de alta, apesar do derretimento do dólar, que costuma jogar a inflação para baixo. Na avaliação dos especialistas, o que sustenta esse pessimismo é a disposição do governo para a gastança, que, mesmo a contragosto, terá de ser revertida pelo próximo presidente da República.

[FOTO2]Apesar da deterioração das expectativas, a aposta unânime do mercado é de que o Copom mantenha a taxa básica de juros (Selic) em 10,75% ao ano. ;O Copom não tomará nenhuma atitude com base em dados tão recentes (do Boletim Focus);, disse Fernando Montero, economista-chefe da Corretora Convenção. ;O BC fez uma pausa para observar o andamento da economia e está apostando que não terá de retomar o aperto monetário;, emendou.

Para manter a inflação próxima do centro da meta de 4,5%, o BC está contando com o aumento das importações, que, apenas nos primeiros 10 dias úteis de
outubro, somaram US$ 7,8 bilhões, quantia 28% superior à do mesmo período de 2009. Na avaliação de especialistas, se, por um lado, a enxurrada de importados tira competitividade das mercadorias brasileiras, por outro, minimiza as pressões inflacionárias oriundas do abismo que existe entre a forte demanda dos consumidores e a capacidade de produção da indústria nacional.

Eleições
;Esse quadro não deve durar indefinidamente. Embora o real tenha se valorizado fortemente, não sabemos até onde irá impactar nos preços;, ponderou Ricardo Denadai, economista sênior do Santander Asset Management. ;Temos visto também as commodities (mercadorias com coração internacional) se valorizando fortemente e isso já tem chegado aos preços agrícolas e, em consequência, à mesa do consumidor;, argumentou.

O resultado das eleições presidenciais também tem preocupado os economistas. O Banco Fator argumentou que, se o tucano José Serra for o vitorioso e realmente aumentar o salário mínimo para R$ 600, além de concretizar outras promessas que impactem no Orçamento, o risco fiscal se elevará, assim como as expectativas de inflação. Da mesma maneira, a candidata petista Dilma Rousseff, se não segurar os projetos de sua base aliada, piorará o quadro fiscal e, consequentemente, pressionará os preços.

ELES DECIDEM


Henrique Meirelles
Presidente do Banco Central desde janeiro de 2003. É visto pelo mercado como homem de decisões técnicas. Perdeu um pouco do prestígio entre os principais analistas do país depois de se envolver com questões políticas, ao pleitear a vaga de vice-presidente na chapa da candidata petista Dilma Rousseff .

Carlos Hamilton Araújo
Diretor de Política Econômica desde fevereiro de 2010. É o responsável por divulgar trimestralmente o relatório de inflação. Começou a carreira no serviço público em 1984, no Banco do Estado do Ceará. Já foi analista da Secretaria do Tesouro Nacional e chefe do Departamento de Estudos e Pesquisas do BC.

Alexandre Tombini
Diretor de Normas desde 2006. Já respondeu pelas diretorias de Assuntos Internacionais do BC e de Estudos Sociais. Foi cotado para a presidência da instituição diante da possibilidade de Meirelles deixar o cargo para disputar as eleições deste. É muito próximo do pessoal do Ministério da Fazenda.

Anthero de Moraes Meirelles

Diretor de Administração do Banco Central desde dezembro de 2007. Foi chefe de divisão e coordenador na Delegacia Regional de Belo Horizonte.
Alvir Hoffmann

Funcionário de carreira do Banco Central, é diretor de Fiscalização desde dezembro de 2007. Trabalhou também como especialista no setor financeiro e supervisão bancária do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Antonio Gustavo Matos do Vale
Diretor de Liquidações e Controle de Operações do Crédito Rural desde 2003. Já foi diretor de Tecnologia e Infraestrutura do Banco do Brasil e no Banco Mercantil, na IBM, BMG Seguros e no Banco de Minas Gerais.

Luiz Awazu Pereira
Diretor de Assuntos Internacionais desde abril de 2010. É Ph.D. em economia pela universidade francesa Sourbone. Foi secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda e economista do Banco Mundial.

Aldo Luiz Mendes
Diretor de Política Monetária desde dezembro de 2009. Ocupou cargos gerenciais e de diretoria no Banco do Brasil. Foi presidente da Aliança Seguros e do Conselho Deliberativo da Caixa de Previdência dos Funcionários do BB (Previ). Foi ainda presidente da Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto (Andima).

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