postado em 21/10/2010 08:00
O governo aproveitou o momento em que reforça suas armas e enfrenta a guerra cambial para realizar uma nova emissão de títulos brasileiros no exterior, mas, desta vez, com papéis expressos em reais. Ontem, o Tesouro Nacional vendeu R$ 1 bilhão nos mercados norte-americano e europeu, abrindo ainda a prerrogativa de ampliar a operação na Ásia, em até R$ 100 milhões adicionais. A transação vale-se da atração que os bônus brasileiros despertam nos estrangeiros e, ao mesmo tempo, evita que essa soma de recursos seja despejada no mercado interno, derrubando ainda mais o dólar em relação ao real. Apesar da compra ser paga pelos investidores com a moeda norte-americana, a quantia entra direto nas reservas internacionais e não afeta a cotação doméstica, influenciada apenas pelo dinheiro que fica em circulação na economia.
Oportunidade
Segundo um importante técnico do Tesouro, a demanda pelos papéis foi bastante expressiva, constituindo uma boa oportunidade para os investidores que têm interesse em aumentar a sua exposição em real, sem entrar no mercado nacional. Em outras palavras, é uma chance para quem quer continuar aplicando no país, sem arcar com o pagamento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6%, que incide no ingresso de recursos para a aplicação em renda fixa.
A quarta reabertura do bônus com vencimento em 2028 vai render retorno equivalente a 8,85% ao ano, juros bastante atrativos, comparados com os pagos no mercado internacional. Mais alto que os 8,62% desembolsados no último relançamento do título, o prêmio é atraente, mesmo levando em conta a exposição à variação da moeda.
O secretário do Tesouro, Arno Augustin, já tinha mencionado, após as últimas captações externas, que havia a possibilidade de retomada da emissão em moeda local. O mesmo técnico lembrou que a previsão para lançar bônus em reais já constava do Plano Anual de Financiamento (PAF) do ano passado e foi repetida em 2010. A realização só saiu agora, no entanto, porque a demanda por esses papéis ;ganhou força nas últimas semanas;.
A necessidade de conter a entrada de dólares também aumentou, uma vez que nem as medidas recentes de arrocho do IOF parecem conter a queda da divisa norte-americana. Ontem, após o próprio presidente Lula entrar na discussão e dizer que tomará as ;medidas necessárias; para conter a supervalorização do real, o dólar caiu novamente 0,65%, cotado a R$ 1,675 para venda. A Bolsa de Valores de São Paulo fechou em alta de 0,77%, aos 70.404 pontos, seguindo a Bolsa de Nova York, que também registrou ganho (1,17%), animada pelos bons resultados trimestrais das companhias aéreas.