Vânia Cristino/ Especial Estado de Minas
postado em 23/10/2010 08:00
Mesmo com pouco dinheiro na conta e dívidas para pagar, o consumidor deve evitar entrar no cheque especial. O empréstimo é facilitado pelos bancos ; o limite fica, automaticamente, disponível para ser usado como um acréscimo ao salário ;, mas o preço que o cliente paga pela comodidade é extremamente alto. Foi o que mostrou pesquisa divulgada ontem pelo Procon de São Paulo.As taxas médias do cheque especial subiram neste mês em relação a setembro, batendo, na média, em 9,11% ao mês ou 184,69% ao ano. Segundo os especialistas, trata-se de um custo fora da realidade, pois corresponde a praticamente o dobro dos juros do empréstimo pessoal, que permaneceram estáveis (5,35% mensais) no período pesquisado pelo órgão de defesa do consumidor.
O levantamento, necessário para que os correntistas tenham a noção exata do tamanho do risco que estão assumindo ao recorrerem ao cheque especial, foi feito em sete instituições financeiras, que agregam o grosso da clientela bancária: Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú Unibanco, Safra e Santander.
No HSBC, por sinal, os encargos passaram de 9,51% para 9,55% ao mês. Existem, no entanto, taxas ainda mais altas, como no Banco Safra que está cobrando 12,30% ao mês de seus clientes, e no Santander, com 9,66% mensais. Os juros mais baixos, segundo o Procon-SP, estão na Caixa Econômica Federal, de 7,15%.
Pelos cálculos do Procon-SP, as taxas dos empréstimos pessoais registram menor disparidade e podem ser, também em caso de extrema necessidade, uma opção de financiamento. Os maiores juros nessa modalidade de crédito são cobrados pelo Itaú Unibanco: 6,02% ao mês. Os menores, mais uma vez, estão na Caixa Econômica Federa l; 4,78% ao mês. ;O ideal é que os consumidores administrem bem os seus salários e não façam dívidas, pois os custos são elevadíssimos;, disse um técnico do Procon.
Ele lembrou que é muito importante que os clientes bancários saibam que existem opções de financiamento mais em conta no mercado. Uma delas é o crédito consignado, operação antes restrita aos servidores públicos e aposentados e pensionistas da Previdência Social, mas que vem crescendo muito entre os trabalhadores da iniciativa privada.
As empresas fazem convênio com os bancos e passam a oferecer taxas melhores aos trabalhadores que aceitam o débito automático das parcelas diretamente nos contracheques. Nesse caso, segundo o Banco Central, os juros médios estão em 26,4% ao ano.
Proteção da Justiça
O Banco Central culpa os bancos pelas altas taxas de juros cobradas em todas as modalidades de crédito. O chefe do Departamento Econômico da instituição, Altamir Lopes, não se cansa de aconselhar aos consumidores que fujam do cheque especial, pois, diante dos encargos cobrados, a dívida pode se tornar impagável. A Justiça abriu precedente para que os correntistas questionem os juros abusivos.