Economia

Países do G-20 se comprometem a evitar o protecionismo

postado em 24/10/2010 08:45
Gyeongjy, Coreia do Sul - Após dois dias de debates, as nações do G-20 (grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo) concordaram em reduzir os desequilíbrios comerciais para evitar uma guerra cambial, além de firmarem acordo para uma reforma histórica na divisão de poder no Fundo Monetário Internacional (FMI). Governos de países ricos e de emergentes prometeram reduzir seus deficits orçamentários e tomar iniciativas para diminuir o rombo nas contas externas. Além disso, pelo menos no discurso, aceitaram parar de intervir no mercado para desvalorizar suas moedas. O encontro serviu como preparação para a cúpula de chefes de Estado e de governo, em 11 e 12 de novembro, em Seul, capital coreana. [SAIBAMAIS]Os ministros defenderam um sistema com taxas de câmbio determinadas em maior medida pelas forças de mercado e apelaram para que os governos resistam à tentação de adotar medidas protecionistas. As recentes intervenções feitas por vários países para impedir a subida de suas moedas frente ao dólar fizeram ressurgir o fantasma das desvalorizações com o objetivo de aumentar a competitividade dos seus produtos. "A recuperação econômica mundial continua, mas de forma frágil e desigual. Em uma economia e um sistema financeiro globalizados, as respostas não coordenadas conduzirão aos piores resultados. Nossa cooperação é essencial", afirmaram os ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais, no comunicado final. Enquanto os Estados Unidos acusam a China de manter o iuan em um nível artificialmente baixo, países emergentes queixam-se da política monetária norte-americana, que faz o dólar cair. O secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, garantiu que é favorável a um dólar forte e, num recado claro aos chineses, pediu uma "valorização gradual" das moedas dos países com um forte saldo comercial. Governança Os países do G-20 também concordaram em realizar uma importante mudança na governança do FMI, beneficiando as potências emergentes, entre elas o Brasil. "Trata-se da reforma mais importante já adotada pela instituição", declarou o diretor-gerente do organismo multilateral de crédito, o francês Dominique Strauss-Kahn. A proposta aumenta o capital do Fundo e os assentos dos países emergentes no Conselho de Administração, e amplia suas atribuições quanto à vigilância das políticas monetárias dos membros. Com a mudança, os 10 principais países da instituição passam a ser EUA, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Brasil, Rússia, Índia e China. Para chegar a esse número, os europeus tiveram que abrir mão de dois assentos. "Foi uma decisão difícil para eles", reconheceu um funcionário norte-americano. Em comunicado, os ministros garantiram que a mudança fará com que o FMI seja mais efetivo, crível e legítimo. O projeto ainda deve ser submetido ao Conselho de Administração. "Essa reforma, esperada há tempos, reequilibra a balança de poderes para abrir espaço para todas as economias em função de seu respectivo peso", afirmou a ministra francesa da Economia, Christine Lagarde.

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