Vânia Cristino/ Especial Estado de Minas
postado em 25/10/2010 08:14
Com renda em alta e dólar num dos níveis mais baixos da história, os brasileiros estão viajando como nunca ao exterior. O destino mais procurado é a América Latina. Não só a língua facilita a vida dos turistas, como também a moeda. Nem é preciso recorrer à divisa norte-americana. O real vale muito e é aceito sem restrições. O que seria um sonho pode se transformar rapidamente, porém, num pesadelo se o viajante desavisado deixar para sacar o dinheiro no exterior ou se não se lembrar de avisar à administradora de cartão de crédito que vai passar a usá-lo fora do país.Nessa situação ficou a funcionária pública Eliane Correia. Pensando que seria fácil sacar de sua conta-corrente, Eliane levou poucos reais para o passeio ao Uruguai. Não conseguiu retirar o dinheiro e precisou ser salva pelas amigas, que dividiram as despesas. ;Ainda bem que não tive problemas com o cartão de crédito. Mas, no fim da viagem, fiquei regulando os pesos uruguaios para pagar o táxi. Também me surpreendi com o fato de que muitos bares, restaurantes e mesmo lojas não aceitam cartão de crédito no Uruguai;, contou.
O motivo para os lojistas recusarem o cartão, segundo Eliane, é a taxa cobrada pelas bandeiras. No Uruguai, ela chega a 14%. É excessivamente alta, principalmente para um país com a moeda desvalorizada. Dez reais, por exemplo, valem mais de 100 pesos uruguaios. Para evitar esse tipo de transtorno, os bancos fazem algumas recomendações aos clientes. Segundo o gerente de uma grande instituição financeira, é sempre bom levar algum dinheiro.
Mesmo contando com cartão de débito internacional e agência do seu banco no exterior, o cliente não deve se esquecer de que precisará avisar que vai fazer saques lá fora. Idêntico procedimento deve ser tomado em relação ao cartão de crédito. Para não correr o risco de ter a operação recusada, a comunicação é necessária. ;É uma questão de segurança;, esclareceu o gerente.
Comunicação
O Itaú Unibanco, por exemplo, que possui agências na Argentina, Uruguai , Paraguai e Chile, informa que seus clientes podem sacar, no exterior, diretamente de sua conta-corrente. Para que a retirada ocorra sem problemas, no entanto, é preciso avisar o banco antes da viagem. A comunicação poderá ser feita por telefone, internet ou pessoalmente na agência a que ele for ligado. A operação, no entanto, não é nada barata. Segundo o banco, cada saque feito em conta nesses países custa R$ 9.
Os clientes do cartão de crédito devem avisar a central em caso de viagem ao exterior, recomenda o Itaú Unibanco. ;Dessa forma, suas operações serão reconhecidas;, esclareceu a assessoria de imprensa da instituição. Quando a comunicação não é feita, existe a possibilidade de a central, por precaução, bloquear o cartão por não reconhecer o padrão de transações. Caso isso ocorra, o cliente deve ligar para o número da central no Brasil e solicitar a liberação.
Segundo a Diretoria Internacional do Banco do Brasil, saques da conta no exterior só podem ser feitos em situações emergenciais ou se o cliente enviar, antes de viajar, uma ordem de pagamento ao país de destino, em seu próprio benefício. Na Argentina, é ainda mais complicado, pois há uma série de limites e restrições a operações de câmbio com não residentes.
;A agência do Banco do Brasil em Buenos Aires não tem condições de atender os brasileiros que queiram realizar saques diretamente de suas contas correntes no Brasil;, reconheceu o BB. No futuro, quando estiver concluído o processo de integração do Banco da Patagônia com o BB, será possível fazer o saque em conta. Por enquanto, isso só pode ser feito se o turista em situações como um roubo, mediante a apresentação do boletim de ocorrência policial.
De acordo com a área internacional do BB, o saque com cartão de crédito é possível na rede de caixas eletrônicos de bancos filiados às redes Visa/Plus, Mastercard/Cirrus ou American Express. Mesmo assim, antes da viagem, é necessário dirigir-se aos canais de atendimento ou à própria agência bancária no Brasil e solicitar a habilitação para uso no exterior.
Os clientes do Bradesco também têm acesso a saques no exterior nos caixas automáticos conveniados à rede Plus para os cartões de débito e crédito da bandeira Visa e nos caixas da rede Cirrus, para os cartões de crédito da bandeira Mastercard. Segundo a assessoria da instituição, os cartões da American Express permitem retirada de recursos nos caixas e nas casas de câmbio da própria companhia. Em todos os casos, as pessoas devem solicitar a liberação do serviço.
Ter acesso a dinheiro no exterior é caro. O BB não forneceu o valor da tarifa, mas explicou que, nela, estão incluídos o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a taxa de conversão de moedas. De acordo com o Bradesco, para saques com cartão de crédito internacional Gold e Platinum (bandeiras Visa e Mastercard), Visa Infinite e Mastercard Black, a cobrança é de 2,42% sobre o valor da operação mais US$ 2,50 em cada transação. Para saques com cartão de crédito American Express, a taxa é de 2,5% sobre o valor retirado.