Economia

Mantega descarta impacto dos gastos públicos sobre inflação

postado em 25/10/2010 20:02
Brasília ; O ministro da Fazenda, Guido Mantega, descartou nesta segunda-feira (25/10) o risco de o crescimento dos gastos do governo ter impacto sobre a inflação. Segundo ele, não existe chance de o Banco Central (BC) reajustar os juros no próximo ano por causa do comportamento das contas públicas.

De acordo com Mantega, a alta recente da inflação é motivada pelo preço de alimentos, que subiu por causa de fatores climáticos. Ele ressaltou ainda que, pelo sistema de metas de inflação, o BC tem o dever de olhar apenas para os preços, não para o câmbio, nem para o déficit público.

;O sistema de metas de inflação não se move pelo gasto fiscal, mas pela própria inflação. Os juros só são reajustados se os preços subirem. Não é o caso do Brasil, onde a inflação está sob controle e a variação atual é provocada pelos alimentos;, destacou.

Na avaliação do ministro, a inflação não está sendo pressionada pela demanda nem pelos gastos públicos e, por isso, o controle de gastos, na sua opinião, poderia ter pouco ou nenhum impacto sobre a inflação. ;Mesmo com a contenção de gastos, a inflação pode subir por causa das commodities (produtos primários);, disse.

Para mostrar a falta de correlação entre os gastos públicos e a inflação, o ministro ressaltou que, nos países avançados, que enfrentam elevados déficits públicos desde a crise econômica, a inflação continua baixa. ;É equívoco pensar que, se fizer o ajuste fiscal, os juros baixarão. Isso seria necessário se a inflação estivesse subindo por causa das despesas públicas, mas não é o caso;, ressaltou.

De janeiro a agosto, segundo os dados mais recentes, os gastos do Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) subiram 17,2% em relação ao mesmo período do ano passado. O ministro reconheceu o aumento nas despesas, mas negou que a situação fiscal esteja descontrolada. ;A prova disso é que o Brasil cumprirá com a meta de superávit primário (economia de gastos para pagar os juros da dívida pública) de 3,3% do PIB (Produto Interno Bruto);, alegou.

Inicialmente prevista para esta quinta-feira, a divulgação do resultado do Governo Central de setembro foi antecipada para esta terça-feira. Os resultados deverão mostrar superávit primário recorde por causa da capitalização da Petrobras, que rendeu R$ 31,8 bilhões ao Tesouro Nacional.

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