O mercado financeiro viveu um dia de muitas oscilações no Brasil, mas acabou firmando um rumo, sem se abalar com o resultado das eleições. Os investidores já trabalhavam, há muito tempo, com a probabilidade de a candidata petista, Dilma Rousseff, vencer o pleito e se sagrar a próxima presidente da República. Por isso, o resultado das urnas não contribuiu nem para incrementar os negócios nem para prejudicá-los. A chegada da ungida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto já estava incluída no valor das ações. Ela já estava "precificada", como costumam dizer os operadores.
As incertezas de ontem estavam relacionadas ao volume de recursos que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano) pretende injetar na economia e às decisões que serão tomadas na sua aguardada reunião, que começa hoje e termina amanhã. Os investidores também estavam de olho no comportamento do atual governo brasileiro, que ameaçou com medidas mais duras para barrar a valorização do real, nas próximas semanas.
Espremido entre a eleição e o feriado de Finados, o primeiro dia útil de novembro foi atípico. O dólar e a Bolsa de Valores de São Paulo subiram. A moeda dos EUA abriu em baixa e chegou a ser cotada a R$ 1,70, em consequência dos dados positivos sobre a aceleração da atividade na China. Mais tarde, entretanto, a divisa se recuperou com o índice de atividade industrial norte-americana, que cresceu acima das expectativas dos analistas. Com isso, o dólar acabou encerrando a sessão em alta de 0,29%, cotado a R$ 1,702. "Os investidores passaram claramente da aversão ao apetite ao risco", disse Murilo Francischelli, economista da Valore Investimentos Personalizados.
Primeira linha
No mercado acionário, o Ibovespa, indicador mais negociado na BM, fechou em alta de 1,26%, aos 71.560 pontos, superando os resultados da Bolsa de Nova York. Lá, o índice Dow Jones teve tímida alta de 0,06%. "As empresas de primeira linha, como Petrobras e Vale, tiveram bom desempenho", ressaltou Francischelli. A descoberta de mais um poço na área do pré-sal fez com que as ações da estatal avançassem até 2,8%. Na Europa, repercutindo os indicadores positivos nos EUA e na China, as bolsas registraram leve alta: Frankfurt (0,05%), Paris (0,20%) e Londres (0,34%).