postado em 04/11/2010 08:00
O Banco do Brasil depositou na conta-corrente da Fundação de Seguridade Social (Geap) cerca de R$ 3 milhões. A quantia havia sido desviada para contas abertas por uma quadrilha de falsários, conforme mostrou reportagem do Correio publicada em 17 de julho. A gestora de planos de saúde garantiu que não houve prejuízo aos cofres da entidade, já que o valor depositado foi corrigido e quitado integralmente. A investigação da Polícia Federal sobre a fraude segue em segredo de Justiça. Até o momento, não há informações sobre o paradeiro dos criminosos.A Geap é a maior gestora de saúde suplementar para servidores federais, com 90 patrocinadores e mais de 700 mil associados. A suspeita é de que o desvio tenha ocorrido por meio de contas abertas com documentos falsos em uma agência do Banco do Brasil em Petrópolis, cidade localizada na região serrana do Rio de Janeiro. Uma quadrilha teria aberto contas fantasmas em nome da gestora e encaminhado pedidos falsos para alguns ministérios com a indicação de que pagamentos referentes à assistência à saúde dos associados fossem depositados no BB.
Pelo menos três órgãos teriam depositado, juntos, cerca de R$ 3 milhões para a quadrilha, sem questionar a cobrança falsa e acreditando que o dinheiro iria para a Geap. A PF não divulgou informações sobre o inquérito, mas a suspeita é de que tais órgãos seriam os ministérios do Trabalho, da Educação e da Previdência. Representantes da Geap chegaram a registrar ocorrência sobre os desvios em uma delegacia de Petrópolis; e os policiais estariam investigando o envolvimento de funcionários da agência do BB na cidade.
Saques
Uma fonte ouvida pelo Correio relatou que as investigações da PF estariam seguindo a linha de que R$ 700 mil do dinheiro desviado teriam sido sacados na boca do caixa da agência do BB em Petrópolis. Os outros R$ 2,3 milhões teriam sido distribuídos para diversas outras contas via transferência eletrônica (TED). Há suspeitas ainda da criação de contas fantasmas em agências no interior de Minas Gerais. O banco informou que não se pronunciará sobre o caso até que o inquérito da PF esteja concluído. Já a polícia não retornou à reportagem até o fechamento desta edição. Uma auditoria interna feita pela própria Geap concluiu que não houve participação de funcionários da gestora no esquema.
O diretor executivo da fundação, Antônio Carlos Conquista, que teve os documentos pessoais falsificados pela quadrilha, relata que a posição da gestora é a de aguardar por mais informações vindas da PF, que possam confirmar as suspeitas preliminares e indicar se os culpados foram encontrados. ;É importante destacar que o dinheiro não saiu dos caixas da Geap. Todo o esquema de desvio ocorreu por fora da nossa área de atuação;, declarou. ;O atendimento aos associados está mantido dentro da normalidade. Não houve qualquer prejuízo nesse sentido.;
Reorganização
Nos últimos anos, a Fundação de Seguridade Social (Geap) vem tentando aperfeiçoar o atendimento. Alvo de reclamações de usuários que cobram a ampliação da rede e a inclusão de determinados serviços de saúde, a entidade iniciou um agressivo processo de reorganização. Foram revistos parcerias e contratos. A fórmula de rateio aplicada aos planos também foi atualizada, o que desagradou aos associados que mantinham seus dependentes.
CORREIOS NA JUSTIÇA
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) entrou com recurso contra a decisão da Justiça Federal que determinou a suspensão do contrato com a Fundação Cesgranrio para realização de seu concurso. Na nova etapa da novela, que se arrasta por mais de 10 meses, a prova que chegou a ser desmarcada, agora está prevista para 28 de novembro. Mas ainda depende de uma decisão sobre o agravo de instrumento. O certame conta mais de 1 milhão de inscritos que disputam 6.565 vagas.
O concurso dos Correios é um dos mais problemáticos de todos os tempos. No início do ano, o processo seletivo chegou a ficar parado por cinco meses até a escolha da organizadora, em julho. No entendimento da Justiça, o contrato com a Cesgranrio é ilegal porque houve dispensa de licitação, o que não seria possível em caso de concurso público.
Na ação, o Ministério Público Federal (MPF) também questiona a forma como a Cesgranrio foi escolhida, alegando favorecimento à entidade em detrimento de outras, em um contrato no valor de R$ 26,5 milhões. (GHB)