Economia

A indústria teve resultado mais superestimado antes da revisão do PIB de 2008

postado em 05/11/2010 15:36
Rio de Janeiro ; O setor industrial foi o que sofreu a maior variação na revisão dos dados do Produto Interno Bruto (PIB) de 2008 feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em vez do crescimento de 4,4% apresentado antes, a expansão foi de 4,1%, conforme divulgou nesta sexta-feira (5/11) o instituto. O PIB total do país foi revisado para cima, o avanço tinha sido calculado em 5,1% e foi revisado para 5,2%.

De acordo com o coordenador de Contas Trimestrais do IBGE, Roberto Olinto, a revisão dos dados ocorreu em função da incorporação de novas informações e não alterou o retrato da economia brasileira da época, nem modificou a compreensão do impacto da crise financeira internacional sobre o setor. Segundo ele, os dados confirmam que a crise prejudicou, entre os ramos da indústria, especialmente a de transformação, que cresceu 3% no período, e não 3,2% como mostrava a divulgação anterior.

;Essa conclusão já estava feita na época, mas hoje eu consigo olhar com mais detalhe o conjunto da indústria. Tínhamos informações preliminares e incorporamos pesquisas anuais do IBGE, que são definitivas;, explicou.

Ainda de acordo com o levantamento, 11 atividades dentro da indústria de transformação tiveram queda em 2008 (em 2007 foram seis) e 23 apresentaram alta (contra 28 em 2007). Além disso, e documento do IBGE revela que o crescimento ocorreu de forma mais concentrada, com apenas três atividades respondendo por mais da metade do aumento do valor adicionado bruto das indústrias de transformação: máquinas e equipamentos, outros equipamentos e transportes e produtos farmacêuticos.

O levantamento também destaca o desempenho da construção civil, com alta de 7,9%, porém inferior à expansão de 8,2% divulgada anteriormente. Contribuíram para o resultado tintas e vernizes (12%), cimento (10,1%) e outros produtos de minerais não metálicos (5,5%). Já a indústria extrativa mineral teve aumento de 3,5%, menor do que a elevação de 4,9% apontada inicialmente.

Ainda pela ótica da produção, a agropecuária foi o componente do PIB cuja geração de renda mais aumentou em 2008 depois da revisão: 6,1%. A divulgação anterior apontava expansão de 5,7%.

De acordo com o IBGE, o resultado pode ser explicado, principalmente, pelo desempenho da lavoura naquele ano. Foi registrado crescimento de 7,3% nas atividades de agricultura, silvicultura e exploração florestal, com destaque para os seguintes produtos: trigo em grão (46,5%), café em grão (24,4%), cana-de-açúcar (17,4%), milho em grão (13,1%) e arroz (9%). A atividade pecuária e pesca também teve expansão de 3,6%, superior ao resultado de 2007 (1%), puxada por aves (6,6%) e suínos (2,4%). Já os bovinos, que têm maior importância na pecuária, tiveram crescimento de 1,3%, após dois anos sucessivos de variações negativas.

Os serviços reduziram o ritmo de crescimento e tiveram alta de 4,9%, pouco maior do que o apontado antes, de 4,8%. Em 2007, a expansão foi de 6,1%. Entre as 15 atividades que compõem o setor, oito apresentaram variação em volume inferior à observada em 2007, entre eles serviços de intermediação financeira, seguros e previdência complementar e serviços relacionados, que cresceram 12,6% em 2008, enquanto, em 2007, essas atividades registraram alta de 15,1%. O comércio também subiu menos em 2008, com relação a 2007, 6,1% contra 21,6%.

De acordo com o IBGE, o crescimento de 5,2% do PIB, em 2008, conforme o dado revisado, foi decorrente de um aumento de 4,8% do valor adicionado bruto e de um aumento de 7,6% dos impostos sobre os produtos.

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