postado em 06/11/2010 08:00
Washington ; A diretoria executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI) se reuniu ontem para aprovar o aumento de capital do organismo multilateral de crédito e o pacote de alterações das regras de governança, que deram mais poder para os países emergentes. Longamente reivindicada pelos governos de nações sub-representadas, como China e Brasil, a melhor distribuição do direito a voto entre os membros foi descrita pelo diretor-gerente do Fundo, o francês Dominique Strauss-Kahn, como uma medida histórica. ;Haverá outras reformas. Mas, sem dúvida, hoje terminamos um debate que ocupou os titulares durante décadas;, disse o número 1 da instituição. O acordo foi obtido depois de árduas negociações entre os ministros da Fazenda e os presidentes de bancos centrais dos países do G-20 (grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo), na Coreia do Sul, no fim do mês passado. A diretoria executiva denominou o programa oficial da reunião de A reforma de cotas e a governança do FMI: elementos de um acordo. Até o fechamento desta edição, o resultado ainda não havia sido anunciado, mas os analistas davam como certa a aprovação dos pontos.
O capital da instituição deve ser duplicado, chegando a
US$ 750 bilhões, nos termos do acordo do G-20, que foi uma prévia da reunião de cúpula dos chefes de Estado e de governo, em Seul, capital coreana, que ocorrerá no fim de semana que vem. O reforço no orçamento será necessário para auxiliar os países com problemas para fechar as contas externas, principalmente depois do estrago causado pela crise global iniciada em 2008. Antes dela, o Fundo estava praticamente sem função, tornado obsoleto pela prosperidade geral sem precedentes nos 30 anos anteriores.
Quando tomou posse, em 2007, Strauss-Kahn anunciou como prioridade a conclusão do prolongado debate sobre a nova distribuição de cotas. Até agora, o FMI foi dominado basicamente pelos Estados Unidos e pelos países europeus, numa herança da Conferência de Bretton Woods, que reconstruiu a arquitetura financeira internacional depois da Segunda Guerra Mundial. A reforma de 2010 foi pensada para ampliar as esferas de controle.
Assentos
Um dos aspectos mais importantes é a substituição da predominância, no poder de voto, de cinco países (Estados Unidos, Japão, Alemanha, França e Reino Unido) por um grupo maior, de 10 membros ; China, Itália, Brasil, Índia e Rússia passarão a ter assento permanente na diretoria executiva. Os outros 177 membros deverão compartilhar 14 assentos rotativos. A China deve deixar de ser o sexto para assumir o posto de terceiro país mais importante nas deliberações do país, status melhor, mas ainda não condizente com sua condição de segunda maior economia do mundo.
Ontem, a diretoria executiva pretendia traduzir os pontos do acordo de outubro em itens mais concretos. Eles devem ser repassados para a análise da assembleia dos 187 membros, que terá um mês para se pronunciar a respeito. Depois, o texto será enviado aos governos, que devem ratificá-lo. O FMI precisa que pelo menos 111 países, que representam 60% dos direitos de voto, aprovem as mudanças.