Economia

Empresas voltadas ao consumo interno engordam miram melhor Natal da década

postado em 06/11/2010 08:00
O aumento da renda e do emprego está fazendo a festa das empresas que só dependem do mercado interno para engordar seus ganhos. As receitas estão tão fortes que as Lojas Americanas registraram lucro líquido de R$ 45,1 milhões no terceiro trimestre deste ano, valor quase seis vezes maior do que o computado no mesmo período de 2009, de R$ 7,9 milhões. Diante do consumo aquecido, no acumulado de janeiro a setembro, também a companhia só tem a comemorar. O lucro líquido bateu em R$ 104,6 milhões, quase sete vezes o contabilizado nos nove primeiros meses do ano passado.

Confiantes de que os consumidores continuarão com o pé no acelerador, especialmente neste fim de ano, que deve ter o melhor Natal em mais de uma década, as Americanas investiram R$ 111,8 milhões na expansão e na reforma de lojas. Desde janeiro, foram inaugurados 35 pontos de vendas e outros 35 deverão ser abertos até o fim de dezembro. Para 2011, a companhia prevê a entrada em operação de mais de 50 lojas e, nos próximos quatro anos, terá inaugurado 400 pontos no país.

Uma das maiores donas de shopping centers do Brasil, a Aliansce também não tem do que reclamar. O lucro líquido acumulado entre julho e setembro atingiu R$ 16,6 milhões, ficando 34,8% acima do registrado nos mesmos três meses de 2009. As vendas avançaram 28%. Às vésperas do Natal, os centros de compras administrados pela companhia estão com 97,9% de ocupação. Nesse contexto, a Aliansce não poupou e desembolsou R$ 75,4 milhões para ampliar a sua participação no Supershopping Osasco, na grande São Paulo. É nas periferias das principais metrópoles do país onde a expansão do consumo tem se mostrado mais vigorosa.

Mas não é apenas nas lojas de rua ou de shopping que os consumidores estão gastando o que têm e o que não têm ; nesse caso, recorrendo ao crédito farto. O comércio eletrônico também apresenta bom desempenho. Tanto que a receita líquida consolidada da B2W, maior empresa do setor, controladora das marcas Americanas.com, Submarino e Shoptime, somou R$ 1,01 bilhão no terceiro trimestre do ano, com aumento de 8% ante igual período de 2009. Já o lucro líquido da companhia entre julho e setembro foi de R$ 2,5 milhões, com queda de 75%, devido à ampliação dos investimentos

Desafios
Beneficiada pelo boom na construção civil, a Eucatex, uma das maiores produtoras de chapas de fibras de madeira e painéis do país, registrou crescimento de 18% na receita líquida no terceiro trimestre de 2010, totalizando R$ 198,9 milhões contra os R$ 168,3 milhões de igual período de 2009. Já a Gerdau, mesmo se beneficiando da forte demanda doméstica, sentiu o baque do mercado internacional. O lucro líquido da companhia recuou 7% entre julho e setembro, somando R$ 609 milhões

;Estamos vivendo um momento de desafio e temos que ser rápidos para acompanhar o mercado. O que houve foi que (os preços de) matérias-primas subiram no primeiro, no segundo e um pouco no terceiro trimestre, e isso encareceu os estoques. Temos, agora, que reverter isso em todas as frentes;, disse o presidente da Gerdau, André Gerdau Johannpeter. Segundo ele, para manter as vendas no exterior, onde o consumo está mais fraco,especialmente nos países mais ricos, a siderúrgica foi obrigada a dar descontos para manter as vendas. Essa mesma estratégia ocorreu no Brasil.

Johannpeter ressaltou, porém, que a empresa mantém firme o seu plano de investir até R$ 11 bilhões entre 2010 e 2014, projetos que inclui a autossuficiência em minério de ferro para a usina de Ouro Branco, em Minas Gerais, daqui a dois anos. Ele destacou ainda que, independentemente das dificuldades dos Estados Unidos, a companhia continua apostando no mercado norte-americano. A Gerdau encerrou o terceiro trimestre com R$ 1,7 bilhão em caixa.

Vulcabrás sob suspeita
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu processo administrativo contra o presidente da Vulcabrás, Pedro Grendene Bartelle, e contra o diretor de Planejamento da empresa.

Eles são acusados de uso de informações privilegiadas em negócios com ações da companhia. As operações foram realizadas no período que antecedeu a divulgação de fato relevante ao mercado sobre compra de participação acionária na Azaleia, em julho 2007.

MENOS FALÊNCIAS

O mês de outubro teve o menor número de falências decretadas por micro e pequenas empresas em 2010 no Brasil. É isto que aponta o indicador Serasa Experian de Falências e Recuperações, divulgado ontem. Ao todo, no mês passado, foram decretadas 53 falências em todo o país, das quais 46 corresponderam a empresas de porte micro ou pequeno.

Apenas cinco falências decretadas são referentes a companhias médias e somente duas a grandes empresas. Em setembro, foram verificados 57 decretos de falências no país, dos quais 50 partiram de micro e pequenas empresas, seis de médias e um de grande porte.

Pontualidade
Segundo os economistas da Serasa, a queda do número de falências decretadas de micros e pequenas empresas, atingindo o menor patamar do ano em outubro, é reflexo do bom momento econômico vivido pelo país neste ano, beneficiando principalmente as companhias que têm seu foco de atuação no mercado doméstico. A maioria dos pequenos empreendimentos enquadra-se neste caso.

Os níveis recordes alcançados em 2010 referentes à pontualidade de pagamentos das micros e pequenas, sinalizando melhor administração dos fluxos de caixa, também favorecem a diminuição das falências dessas empresas.

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