Economia

De olho em mercado que movimenta bilhões, Google adquire mais 23 empresas

postado em 07/11/2010 12:01
Depois de acompanhar de forma apreensiva a crise financeira que abalou a economia mundial em 2008 e gerou uma onda de retração na indústria de tecnologia, as companhias do setor voltam, aos poucos, a investir em estratégias de expansão. Para isso, recorrem a uma das premissas mais antigas do mundo dos negócios: a aquisição de start-ups. A procura por empresas que começam a despontar em segmentos que podem servir para suas estratégias de crescimento tem feito com que as gigantes da área da informação partam para o mercado dispostas a abarrotarem o carrinho de compras.

O Google lidera a lista das marcas que mais abocanham as emergentes do ramo de tecnologia, a maioria do Vale do Silício, na Califórnia, berço das principais ideias de sucesso do setor. De acordo com um levantamento realizado pela consultoria CBInsight, o principal nome do mercado de buscas realizou 23 aquisições neste ano, perfomance que corresponde a uma média de uma integração a cada duas semanas. O número é equivalente às compras realizadas entre os anos de 2007 a 2009 pela marca.Fundadores do site, Larry Page (E) e Sergey Brin querem parceiros que os coloquem no ramo das redes sociais

Apesar de não divulgar os valores de todas as negociações, estimativas do mercado apontam que o Google já gastou, até agora, aproximadamente US$ 2 bilhões na aquisição de empresas. Em segundo lugar, aparece a IBM, que investiu em 12 marcas. A badalada Apple, dona de produtos de sucesso como o iPhone e o iPad, comprou cinco até o momento, mas rumores apontam que a marca da maçã estaria disposta a usar parte dos US$ 51 bilhões que tem em caixa para levar uma grande marca do setor. Entre os prováveis alvos estariam a Adobe, a Electronic Arts e até a gigante Sony. Enquanto isso, o maior nome do mundo do software, a Microsoft, mantém-se conservadora. Não fechou nenhum negócio em 2010.

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Desde quando resolveu colocar a mão no bolso e começar a adquirir companhias que pudessem incrementar suas estratégias de atuação na internet, o Google não parou mais. De 2001 para cá, foram 83 aquisições. Entre elas, algumas de grandes expressão e que mexeram com o mercado, como a compra do site de vídeos YouTube e da agência de publicidade on-line DoubleClick, por US$ 1,6 bilhão e US$ 3,1 bilhões, respectivamente. ;Em quase todas as transações que estudamos, há sempre outra grande empresa interessada;, diz David Lawee, responsável pelo grupo de fusões e aquisições do Google.

A companhia criada pelos jovens Larry Page e Sergey Brin em 1988, em um quarto da Universidade Stanford, parece estar focada em trabalhar em algumas frentes específicas para reforçar a sua posição de principal líder da internet. Primeiro, para expandir a sua principal fonte de receitas: a venda de anúncios exibidos nas páginas em que aparecem os resultados das buscas realizadas pelos internautas. Segundo, para levar os seus usuários para outras plataformas que vão além da área de trabalho.

Como os links patrocinados ainda correspondem a quase 90% do faturamento da marca, o Google vem mostrando claramente, nos últimos dois anos, que pretende diversificar mais seus negócios para mercados pujantes, como o de netbooks, com a introdução do sistema operacional Chrome OS; o de celulares, com a aposta na plataforma móvel Android; e até o de TVs, permitindo que os telespectadores acessem a internet para fazer pesquisas e, claro, sob o bombardeio dos links patrocinados.

Para dar suporte ao atual momento expansionista, a companhia dispõe de mais de US$ 30 bilhões em caixa, o que lhe garante uma certa folga para fazer apostas que rendam ganhos igualmente grandiosos. Um exemplo foi a recente compra da ITA Software, uma desenvolvedora de programas de informações sobre voos, cujos clientes incluem grandes companhias aéreas e agências de viagens on-line. Por meio de comunicado, o Google informou que o objetivo da aquisição é usar a ferramenta para melhorar a maneira com que as pessoas encontram informações sobre viagens usando os seus serviços.

Mas os analistas asseguram que a meta é ampliar ainda mais os negócios no setor de publicidade na internet, que somente em 2009 movimentou US$ 55,2 bilhões. ;O principal negócio do Google são os links patrocinados, oferecidos a partir de seu poderoso sistema de busca. Por isso, ele tem procurado aumentar seu portfólio de serviços, fazendo com que eles se complementem;, diz Marcos Morita, especialista em planejamento estratégico.

Redes sociais
Especialistas defendem que esse modelo de negócio, baseado na venda de palavras-chaves, tem perdido espaço para um outro fenômeno que explodiu nos últimos anos na web: as redes sociais. Hoje, o Facebook, principal site de relacionamento do mundo, conta com 500 milhões de usuários que escrevem todos os dias sobre suas preferências, particularidades e hábitos de consumo. ;É um prato cheio para os anunciantes, que agora podem focar suas investidas com maior precisão nos grupos de pessoas que desejam atingir;, diz o consultor de mercado Conrado Adolpho, autor do livro Google Marketing. ;Hoje, a maior ameaça ao modelo de negócio do Google são as redes sociais;, emenda.

Para se ter uma ideia, enquanto o buscador espera fechar o ano com um aumento de 35% nas receitas, o site de relacionamento criado pelo jovem Mark Zuckerberg deve registrar um crescimento de 100%, alcançando faturamento de US$ 1,3 bilhão. A preocupação com a potencial perda de receita tem feito com que o Google foque seus investimentos em empresas especializadas no relacionamento virtual. Só neste ano, oito start-ups foram adquiridas para reforçar essa estratégia, que inclui o lançamento, até dezembro, do Google ME, um produto para a colaboração on-line.

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